por Rogeria Gomes
Uma exaltação ao samba, ao subúrbio, e a gente bamba que transforma essa vida simples em poesia. A história de Zeca Pagodinho, na verdade, Jesse Gomes da Silva Filho, é uma dessas que não se explica racionalmente. Um menino que desde criança tem envolvimento com a música e com um estilo despretensioso de viver, sempre cultivando o lado ‘bon vivant’, deixando a vida se encarregar do restante. E se encarregou direitinho, levando esse menino que só queria saber de cantar e se divertir a um caminho de sucesso conquistado sem grandes pretensões, mas com muita paixão ao samba. Zeca sob o olhar de Gustavo Gasparani, diretor, autor e ator do espetáculo, é o nosso Macunaíma Carioca.
A idéia de percorrer sua trajetória com um jeito brejeiro e animado, evocando o teatro de revista, é premissa de Gustavo Gasparani e dá o tom ao espetáculo que dispõe de um elenco já experimentado em musicais. Os atores cantores se dividem em vários personagens, sem perder o ritmo e o prumo. Vale destacar que todos estão perfeitamente ajustados à história e sabem a medida exata de seus personagens.
Os sambas conhecidos da obra de Zeca embalam a trama rumo ao ‘trem do sucesso’ e envolvem o público, ajudando a transcorrer a proposta cênica. Tudo isso costurado com humor e a competência direção de Gustavo Gasparani, um de nossos mais destacados diretores da atualidade, que também interpreta com propriedade Zeca da juventude à maturidade. Na fase da infância e adolescência essa missão fica a cargo do ator Peter Brandão, uma bela surpresa do espetáculo.
Ao longo da peça conhecemos mais do sambista, seu modo de viver, sua generosidade, suas trapalhadas na vida, seus erros, acertos, suas escolhas, gostos, aptidões, e, sobretudo, seu amor ao samba que o fez seguir sem frente. Zeca participa de certa forma do espetáculo, interagindo com o público por meio de vídeos, que traz a encenação mais legitimidade. A vida simples do subúrbio, as rodas de samba, o modo característico do lugar e seus costumes, são o ponto alto do espetáculo costurado pela direção musical de João Callado ao lado de músicos que encaram o desafio de apresentar novos arranjos às quase cinquenta músicas que compõem a trilha sonora.
Zeca ainda é um sambista que está escrevendo sua história, e certamente terá muitos capítulos a frente, mas de fato, é expoente de sua geração. No entanto, ‘Zeca Pagodinho- Uma História de Amor ao samba’ nos traz de volta um teatro alegre e descontraído sem perder a qualidade técnica exigida às produções competentes.
O samba está sem dúvida, bem representado nessa história que tem em Zeca Pagodinho um de seus legítimos representantes.
Viva o teatro que pode oferecer com sua magia essa possibilidade.
Teatro Net Rio – Rua Siqueira Campos, 143-Copacabana
- Quinta a Sexta às 21h, Sábado ás 17.30 e 21h – Domingo às 20h
Bate Bola com Rogério Freitas
‘A Festa de Aniversário’
- Você é um experimentado ator e com trabalhos diversos e importantes em sua trajetória, incluindo grandes clássicos, como seu personagem atual na peça ‘A Festa de Aniversário’. Em termos de construção de personagem, há diferença para você? Como é seu processo criativo?
*O melhor processo é aquele que me desafia. Aquele que me tira de minha “chave” habitual, da minha zona de conforto.
Um processo varia de trabalho pra trabalho, em função do gênero, do texto e da direção. O mais importante sempre é a paixão pelo trabalho do momento e a busca da “verdade do personagem” seja qual for o processo. Em ‘A FESTA DE ANIVERSÁRIO’, por exemplo, o maior desafio pra mim, foi trabalhar a contenção de gestos e movimentos.
- Há preferência ou maior facilidade de estilo dramatúrgico para você interpretar?
*Pode parecer clichê, mas é a mais pura verdade: eu prefiro sempre o trabalho que estou fazendo. Talvez isso seja atribuído à constante descoberta que o ator tem, durante toda a temporada.
É claro que quando você vem com uma sequência de trabalhos densos, bate uma saudade de fazer uma comédia. O contrário também ocorre.
- Essa peça ‘A Festa de Aniversario”, é um clássico de Harold Pinter e foi escrita em 1957. O que há de atual no texto?
* ‘A FESTA DEANIVERSÁRIO’ é um dos primeiros textos de Pinter, e ele mesmo diz que seus textos iniciais são muito mais políticos do que possam sugerir. Pinter foi um dos mais importantes ativistas políticos de sua época.
O texto traz de atual, infelizmente, a opressão. É a história de um pianista, portanto um artista, formador de opinião, que tem sua voz calada pelo autoritarismo. Acho que, por tudo que estamos vivendo em nosso país, principalmente pela maneira como nossa cultura está sendo tratada, especialmente na cidade do Rio de Janeiro, o texto torna-se completamente atual.
- Como está sendo a experiência?
*Fantástica! Gostaria de citar aqui, um trecho da crítica de Tânia Brandão, ao espetáculo:
“…aproveite a chance que o teatro oferece ao poder humano profundo que há em você. Corra para ver. E, afinal, quem sabe, rebele-se.”
Sinto que alcançamos nosso objetivo, todas as noites, provocando uma séria reflexão naquelas pessoas que estão ali.
- Um personagem que deseja interpretar?
*Talvez os mais conservadores me critiquem, mas um grande texto que eu tenho vontade de montar é MÃE CORAGEM, do Brecht, onde eu interpretaria a mãe. Quando um personagem é grandioso no que ele tem a dizer, e acima de tudo bem escrito, acho que a questão do gênero passa a ser irrelevante. Uma prova disso foi quando interpretei APARECEU A MARGARIDA, de Roberto de Athayde, que fiz por dois anos seguidos em escolas de segundo grau, com muito sucesso.
Teatro Poeira– Rua São João Batista, 104 – Botafogo
Terças e quartas às 20h30
Boas da Cultura
‘Cama de Gato’
- A peça ‘Cama de gato’, conta a história da aproximação entre três garotos de programa com uma misteriosa e elegante travesti, chamada Lois Lane. Ela aparece na vida de Mike, Biel e Bruno para quebrar preconceitos. A narrativa é costurada por músicas e debates sobre aceitação, distorção de valores, comercialização das relações e amor.
No elenco Diego Homci, Henrique Sathler, Hugo Carvalho, Vinicius Olivo, Thiago Tenório, Tiago Homci e a DJ Cacá Werneck
Teatro João Caetano
Sextas e sábados, às 19h30, Domingos às 18h
Praça Tiradentes, s/n – Centro –
‘Agosto Quente’
- Uma família disfuncional que se reúne depois que o pai desaparece, em um encontro de acerto de contas entre a mãe e as três filhas que escondem pequenos e amargos segredos, inclusive de seus maridos, é o mote da peça ‘Agosto Quente’ que traz a atriz Guida Vianna como protagonista, retorna aos palcos após três anos dedicados a produções, na televisão e no cinema. Ainda no elenco estão os atores Letícia Isnard, Claudia Ventura, Claudio Mendes, Eliane Costa, Guilherme Siman, Julia Schaeffer, Márcio Vito, Marianna Mac Niven, Paulo Giardini, Lorena Comparato e Isabella Dionísio
Teatro Ipanema
Rua Prudente de Moraes, 824- Ipanema
Sábados às 21h, domingos e segundas às 20h
‘Ocupação DE OLHO NO NORDESTE – PORTA ABERTA’
A ocupação DE OLHO NO NORDESTE – PORTA ABERTA tem como tema a dramaturgia contemporânea do nordeste, onde reunirá espetáculos de três pernambucanos radicados no Estado do Rio de Janeiro, fundamentados no trabalho de ator, tendo como base principal o texto e o público.
PROGRAMAÇÃO:
AS BONDOSAS – De sexta a domingo, às 19h.
Com texto do Maranhense Ueliton Rocon, o espetáculo aponta questões sobre o comportamento da mulher numa sociedade conservadora e a influência da igreja com seus preceitos religiosos; questiona as máscaras do convívio social, a liberdade de expressão e a repressão da igreja e da sociedade como fonte opressora do livre arbítrio. Com direção do Pernambucano Tom Pires, e os atores também pernambucanos, Gerson Lobo, Leandro Mariz e Sidcley Batista, e o próprio Tom Pires que se reveza entre a atuação e direção do espetáculo.
DESATINOS – Quartas, às 19h.
Com texto e direção do Pernambucano Samuel Santos, a peça destaca as questões que acontecem nas pequenas e diversas cidades brasileiras. A loucura e a esquizofrenia são temas colocados à margem numa sociedade que atua dentro de conceitos morais pré-estabelecidos. Na peça, o ator Gerson Lobo se desdobra em quatro personagens.
UM CERTO LAMPIÃO – Quintas, às 19h.
Com texto e direção do Cearense Gilvan Balbino, o espetáculo aborda uma narrativa fictícia do bisneto de Lampião, que desmistifica o homem lendário, representando um povo que resiste e luta contra o poderio das classes superiores. O espetáculo, em forma de monólogo, tem atuação do ator Sidcley Batista, que apresenta vários momentos e personagens da história do cangaço.
- Palestrantes convidados: Wellington Júnior, Newton Moreno e Claudia Pfeffer.
Oficina de Teatro e Desenvolvimento – Quintas-feiras, das 14h às 1h.
Realizada sempre as quartas, a partir do dia 11 de Outubro, com término dia 08 de Novembro, totalizando 05 dias.
Oficina Teatro para Pessoas Vivas, elaborada para desenvolver a sensibilização artística de todo e qualquer cidadão, focado, principalmente, nas técnicas do teatro-desenvolvimento de Augusto Boal, que visa à valorização do ser humano e a potencialização de suas habilidades individuais e coletivas. A oficina tem como encerramento uma apresentação pública onde poderá constatar o desenvolvimento artístico de cada participante. A oficina será ministrada pelo ator-diretor-produtor teatral e arte-educador Tom Pires, com longa experiência em projetos sócio-educacionais.
Espetáculos infantis – GRATUITOS
A Cumadre Fulôzinha
Duas crianças vão passar férias no sítio do avô e lá se deparam com uma figura misteriosa: uma pequena mulher que vive na mata coberta pelos próprios cabelos e por flores. Essa mulher se diverte fazendo traquinagens com os animais e sequestrando crianças que não são batizadas.
Encanta Conto – Espetáculo de Contação de Histórias
O grupo O QUE CONTA O SABIÁ usa narrativas populares como, Couro de Piolho, reescrita pelo folclorista brasileiro Câmara Cascudo; Rumpelstiltskin, compilada pelos irmãos Grimm, na Alemanha e as adapta para o nordeste brasileiro, incluindo sonoridade e canções populares executadas ao som de zabumba, triângulo, violão e instrumentos de percussão.
Teatro Dulcina de 06 de outubro a 12 de novembro
Rua Alcindo Guanabara,17 – Centro
‘O Rio não é Hollywood’
Escrita atriz Bruna Fachetti, que se desdobra em várias personagens, e dirigida por Mauro Eduardo é uma comédia musicada, que de forma divertida aborda o dia a dia de quem sonha chegar aos palcos de Hollywood, mas que passa por muitos problemas na vida de anonimato.
O roteiro foi pensado para levar ao palco essa experiência pela qual tantos jovens atores passam quando migram para a cidade em busca desse mercado.
Teatro Municipal Café Pequeno
Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon
Terças e Quartas – às 20h