por Anna Ramalho
Difícil viver lendo as cafajestadas que brasileiros vêm promovendo na Rússia, enquanto a pelota rola pelos gramados na terra do Putin. Que coisa triste verificar que homens feitos – tem até homem público metido na baixaria, o que não chega a ser novidade – assediam moças para constrangê-las com palavrões que as coitadas nem sabem que estão falando. Apesar de chocada com o acontecido, acabei me divertindo quando li que o castigo veio a cavalo: os engraçadinhos estão sendo todos punidos, inclusive com demissão, como foi o caso do funcionário da Latam. Bem feito. Neste Brasil de desempregados, o infeliz vai sentir na pele toda a humilhação que infligiu à moça.
É de se esperar que castigo semelhante seja aplicado ao engraçadinho que tentou agarrar a jornalista russa Barbara Garneza, enquanto a moça tentava entrevistar torcedores e o grupelho ainda cantava musiquinhas de duplo sentido.

A jornalista russa Barbara Garneza, que esteve em São Paulo para aprender português, foi mais uma vítima do escrete canarinho da cafajestagem
Um abaixo-assinado pedindo punição para os cafajestes já circula na Rússia, que promete as sanções cabíveis. Se fosse naqueles velhos tempos pré-Perestroika e Glasnot, acabavam todos num gulag, condenados a trabalhos forçados.
O que mais me impressiona, quando leio esses relatos selvagens, é que esses homens sem vergonha certamente têm irmãs, primas, sobrinhas. Mãe todos têm, com certeza. Como desrespeitar dessa maneira as mulheres? Qual a graça de desqualificá-las em praça pública?
Nojo dessa cambada.
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O cafajeste-mor do mundo, hoje, é Donald Trump. Com este posicionamento irracional diante do problema da imigração, desqualifica e agride sua própria mulher, Melania, forasteira na terra de Tio Sam. A cada vez que vejo pela TV ele apondo sua assinatura de eletrocardiograma a qualquer papel, tremo toda. O homem é tão louco e insólito quanto sugere sua extravagante aparência.
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Nesse mundo de cafajestadas maiores e menores, continuam incomodando minha alma sensível a absoluta intolerância e falta de modos nos diálogos via redes sociais. Pessoas que julgava finas, bem educadas, delicadas, revelam-se espíritos menores, trevosos, rancorosos e especialmente mal humorados. Tenho horror a gente mal humorada.
Não fosse meu trabalho, que me obrigada a frequentar e auscultar as ditas cujas, há muito já teria tirado meu time de campo. Nas redes fiz alguns poucos bons amigos. Muito poucos eu convidaria à minha casa.
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Maria Bethânia e Chico Buarque: os aniversariantes da semana merecem todo o meu carinho e admiração
A semana marcou o aniversário de dois queridos da minha vida, estrelas incontestes da MPB há mais de 50 anos: Maria Bethânia, dia 18, e Chico Buarque de Holanda, dia 19. A ambos meus votos de vida longa, muito amor e muito sucesso. E aproveito pra fazer um cantinho musical para dar um tanto de poesia a essa crônica indignada. “Sem Fantasia” na veia, senhores.