por Aristóteles Drummond
A sucessão de José Luiz Alquéres na Associação Comercial do Rio, com o nome de consenso de Antenor de Barros Leal, contém uma história de vida a ser observada. Principalmente, nesse mundo em que o egoísmo domina e a falta de firmeza paralisa as pessoas.
José Luiz Alquéres, entre sua eleição e posse, foi surpreendido pelo destino com a perda da filha, genro e neto em um desastre de avião. Uma dor quase que insuportável para qualquer casal, mas especialmente para Bitu e ele, que viveram (e vivem) em função dos filhos e muitos netos.
Homem de compromisso, de fé e de liderança, Alquéres adiou a posse e recebeu a tocha da entidade mais do que centenária das mãos de Olavo Monteiro de Carvalho. Convivendo com o drama pessoal, dedicou os últimos dois anos a arrumar a casa, completando o que Olavo havia iniciado. Ao mesmo tempo, encerrava sua vitoriosa gestão na Light, que ele resgatou de estado semifalimentar. Ao abrir mão do segundo mandato a que tinha direito e era desejo de seus companheiros, Alqueres, embora sabedor que Antenor era o nome natural, se prontificou a apoiar seu primeiro vice, se este assim o desejasse, em nome de uma tradição da entidade. Esperou a decisão do vice para só então apoiar o nome consagrado para ser seu sucessor, seu amigo e companheiro de diretoria.
A postura correta, leal, coerente e desprovida de qualquer motivação pessoal, é um exemplo que calou entre os que compõem o Conselho Superior, cujo presidente é Humberto Mota, o primeiro a reconhecer o comportamento sereno e dentro da liturgia da ética. O mesmo disse o presidente indicado Antenor de Barros Leal, em significativo almoço no Jockey Clube, no início desta semana.
O governador Sérgio Cabral, por mais de uma vez, manifestou de público seu reconhecimento à colaboração da ACRJ ao seu trabalho de levantar o Rio, estado e capital, como vem fazendo com sucesso. E lembrando que Alquéres é um quadro da cidadania, um sentinela da responsabilidade social, sem paternalismo ou populismo.
A ACRJ é uma entidade de tal prestígio por ser composta de gente com idealismo, espírito público e convicção liberal. E, agora, oferece à sociedade este exemplo de dignidade e correção, desprendimento e conciliação, num sucesso inesperado, uma vez que se esperava a reeleição possível e merecida. Mas todos entenderam os motivos da recusa em ter o mandato renovado e, naturalmente, surgiu o nome do consenso..
O Rio tem quadros. A tocha vem sendo passada limpa, com a chama do patriotismo e da solidariedade.