Já tive a oportunidade de contar para vocês algumas das minhas aventuras pelo mundo. Posso afirmar que toda – sem exceção – viagem realizada até hoje foi marcante. Por mais globalizado que nosso planeta esteja, sempre há descobertas possíveis. E é disso que vou falar neste texto: descobertas. Descobertas fascinantes.
O fascínio tem sete letras: Argélia. Localizado no norte da África, esse país árabe possui uma riquíssima e vasta história.

o amanhecer em Argel, capital da Argélia
De olho no visto e na imigração
Antes de apresentar as belas imagens do país, vamos deixar claro que há, sim, dificuldades. A entrada em Argel, capital da Argélia, via área (voo Paris – Argel), por exemplo, foi um tanto tumultuada.
Ao chegar no aeroporto, me dirigi à imigração e, na conversa com o oficial, ele ficou surpreso em saber que eu gostaria de fazer turismo na região. Pois é, meus amigos. As questões políticas locais acabam emperrando um pouquinho o desenvolvimento turístico do país. Para vocês terem ideia, ainda no Brasil, fiz todo o procedimento – bem-sucedido – para aquisição do visto de turista. Um pouco burocrático, mas aceitável.
Além do visto coladinho no passaporte, levei comigo o “kit imigração”: passagens de ida e de volta, roteiro completo do trajeto interno, informações sobre a agência contratada e custos envolvidos, contracheques de meu trabalho (para comprovar renda), etc. Cerca de 35 minutos após apresentar esses documentos, enfim, fui liberado (e depois dizem que a vida de turista é fácil, hein?!).
O guia estava à minha espera e, logo ao sair do aeroporto, pude perceber o que me esperava: um povo extremamente hospitaleiro e generoso, e um país de contrastes sociais marcantes.
Vamos ao roteiro
Depois de uma boa noite de sono, rumei à Tipaza. A região foi colônia na província romana Mauritânia Cesariense, hoje, localizada no litoral central da Argélia. Desde 2002, as ruínas de Tipaza foram declaradas pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade.
Caminhar pelas ruínas e ouvir histórias locais enriqueceram o passeio. Para melhorar, o tempo ajudou bastante e o azul do Mediterrâneo tornou a paisagem ainda mais encantadora.
Continuando pelo litoral oeste do país, Orã foi incluída no roteiro. Trata-se da segunda maior e mais importante cidade da Argélia. Seu passado remonta séculos de existência, tendo iniciado seu período de relevância regional a partir de 910 d.C., quando passou a fazer parte do Império Otomano.
E a arquitetura dos prédios não nos deixa esquecer a influência da colonização francesa.
Djemila, que significa “a bela” em árabe, é considerada pela UNESCO, assim como Tipaza, Patrimônio Mundial da Humanidade. Abriga o maior, mais completo e mais conservado número de ruínas romanas da África. Ao vivo, é, realmente, surpreendente! Vejam só algumas imagens:
Outra cidade que fiz questão de visitar foi Constantine. Com cerca de 800 mil habitantes, é a capital da região leste do país e a terceira mais importante da Argélia – fica atrás, apenas, de Argel e Orã. Relevante centro cultural e industrial, Constantine me fez registrar um landscape inesquecível.
Religiosidade
O islã é a religião predominante na Argélia, sendo que seus adeptos representam mais de 95% da população. O número impressiona, mas também chama atenção a, de acordo com o guia que estava comigo, boa convivência entre as demais correntes religiosas.
Exemplo disso é a Basílica católica romana e pró-catedral de Santo Agostinho localizada em Annaba. Dedicada a Santo Agostinho de Hipona, foi construída exatamente na cidade onde ele foi bispo, no século V. Apresenta arquitetura mourisca e bizantina.
Já na capital Argel, localiza-se a Basílica de Nossa Senhora d’África, inaugurada em 1872. Sua importância simbólica e religiosa pode ser resumida pela inscrição no altar: “Nossa Senhora d’África rogai por nós e pelos muçulmanos”.
Um dos pontos turísticos também de Argel é a Mesquita Ketchaoua, construída em 1612, nos estilos mourisco e bizantino. Em 1845, durante o domínio francês, foi convertida para a Catedral de São Philippe. Porém, em 1962, foi reconvertida em mesquita. Apesar dessas transições em diferentes fés religiosas, nos últimos quatro séculos, manteve sua grandeza original.
A seguir, vista noturna da Mesquita Emir Abdelkader, construída em Constantine, em 1994.
Visual brasileiro
Na capital da Argélia, pude perceber que, além do amor pelo futebol e da simpatia do povo, Argélia e Brasil estão conectados por trabalhos de Niemeyer. Uma das obras dele é o Makm El Chahid. Erguido no alto de uma colina, com uma impressionante vista para a baía, o gigantesco edifício foi elaborado a partir do projeto arquitetônico de Niemeyer. Encomendado pelo governo da Argélia em 1984, o monumento é uma homenagem aos mártires da Libertação Nacional da revolução argelina pela independência da França.
Confesso a vocês que poderia ficar por horas relatando as belezas da Argélia. Problemas à parte, estou certo de ter aproveitado, por uma semana, momentos incríveis. Guardei, em imagens e na memória, ótimas recordações.
E finalizo com esse visual do Jardim Botânico de Hamma, inaugurado pelos franceses em 1832.
Se vocês gostaram da viagem, que tal preparem as malas, hein?! Se precisarem de dicas, nos avisem! Eu fico por aqui, mas volto, em breve, com novos relatos. Até a próxima, pessoal!