por Daniele Barbosa
Com 23 anos eu conheci um médico que mudou minha vida. Eduardo Almeida é conhecido por se posicionar com firmeza em relações a temas polêmicos. Mas o que eu quero dizer aqui é que entre muitas coisas que o encontro com Eduardo mudou na minha vida – como, por exemplo, me tornando mais consciente em relação à alimentação e ao uso indiscriminado de medicamentos – a principal delas foi: respeitar o tempo do corpo.
Esse não é um texto para fazer propaganda do médico de minha confiança, mas não posso falar desse tema sem citar ele. No início da minha segunda década de vida eu já tinha passado pelos mais diversos problemas de saúde, muitos crônicos. Muitas mudanças fiz orientadas por ele, porque ele tinha conhecimento científico para isso, mas nada é mais valioso do que a lição que ele me ensinou: respeitar o tempo do corpo.
O tempo do corpo não é o tempo da nossa mente, da nossa vontade. É esse abismo que precisamos transpor se quisermos ter saúde. Porque é exatamente nossa tendência de não respeitar o tempo do corpo que nos faz calar seus sintomas.
Eu tenho inúmeros casos empíricos, que vivi ao longo desses quase 10 anos, desde que comecei a tentar respeitar o tempo do corpo, onde eu simplesmente não suportava lidar com os sintomas do meu organismo. Dente inflamado, mastite durante os primeiros meses de amamentação, infecção urinária, viroses, dor de cabeça. Ou vocês pensam que por me alimentar bem e manter uma rotina relativamente saudável meu corpo não manifesta nenhum sintoma? Claro que manifesta. É do organismo vivo essas coisas.
Todas as vezes que estou passando por um processo desses e me queixo, quem ouve simplesmente não compreende: “Toma um remédio, pelo amor de Deus!!!”. Ouço muito também: “Não quer tomar remédio, então não reclama!”. Apesar dessas falas denunciarem total falta de compreensão e empatia, mostram o quanto estamos estruturalmente organizados para não nos conectarmos com nosso corpo e suas expressões.
Essas fases de declínio do corpo trazem sintomas incômodos, mas são momentos muito importantes que nos apontam qual aspecto anímico está fragilizado. O melhor é optar por terapias de suporte, que vão encorajar e fortalecer nosso organismo integralmente. Depois de uma crise vivida com inteireza sempre saímos mais fortes. Assim é com o corpo. Se aprendemos a lidar com os sintomas nem sempre agradáveis sem intervenções externas, dando suporte apenas, os corpos físico e de energia se fortalecem.
Toda doença desestrutura de alguma forma o funcionamento harmônico do corpo. Os sistemas passam a funcionar voltados para reparar o que está precisando de reparo. Quando superado o problema, o corpo retoma sua “programação normal” mais forte, transformado. Quase sempre esse processo está ligado a questões do campo da mente, do sentimento. É claro que nosso corpo mental também é transformado.
Que o bom senso norteie os que leem esse texto. Estou defendendo a abolição da alopatia? CLARO QUE NÃO! Estou dizendo que quem toma remédio está errado? CLARO QUE NÃO. Esse texto é só para apresentar um novo olhar sobre o tempo do corpo, para que as pessoas entendam que o corpo é dinâmico e que os processos de declínio precedem uma nova curva ascendente do organismo. Alopatias são importantes, muitas salvam vidas, devemos usá-las, mas de forma consciente e oportuna.
Outro objetivo é enaltecer as terapias de suporte. Use-as, dessa forma podemos passar pelos desequilíbrios sem desdobramentos mais graves das doenças.
Ah, sobre o desenho que ilustra o post, minha boneca no centro dos ciclos da vida, sentindo e vivendo cada fase. Dia e noite, verão e inverno. Respeitar o tempo do corpo significa, sobretudo, viver no microcosmo que é o organismo as expressões do macrocosmo.