por Bruno Cavalcanti
Lançada oficialmente no último domingo, 19, a versão de Paula Fernandes para o hit ganhador do Oscar de Melhor Canção, Shallow, de fato “quebrou” a internet. A gíria cibernética é usada para acontecimentos que ganhem adesão virtual massiva, fazendo dele o tema de discussão favorito nas redes sociais. Não houve clima para política nos últimos cinco dias, quando as atenções se voltaram exclusivamente para a autora de Pássaro de Fogo.
O caso já é conhecido: Fernandes compôs versão (com o perdão do trocadilho bilíngue) rasa para o hit instantâneo de Lady Gaga, lançado na trilha sonora da quarta versão cinematográfica de Nasce uma Estrela, o filme que já contou com nomes como Judy Garland e Barbra Streisand no papel principal. A cantora sertaneja então convidou o colega Luan Santana para compor o dueto e assim fez-se a festa da internet.
Contudo, a despeito da versão medíocre de Paula Fernandes (para uma canção que, verdade seja dita, também não é a melhor criação de Gaga), Juntos (o título da dita cuja) se tornou um case de sucesso online. Ame-a ou odeie-a, o hit cantado pelos sertanejos não passa um dia sem figurar na lista dos assuntos mais comentados do momento, tendo sido promovido a um meme instantaneamente atemporal.
Em entrevista ao dominical Fantástico, da Rede Globo, Fernandes até buscou consertar o coreto, mas só piorou sua situação ao dizer que a língua portuguesa “não é melódica”, lhe rendendo comparações principalmente a Elis Regina, considerada ainda hoje a maior intérprete do país.
Contudo, ainda a despeito a mediocridade artística, Fernandes – que gravará a canção em seu próximo DVD ao vivo – contará, sem dúvidas, com um coro espontâneo de uma plateia que tem a canção na ponta da língua e já a levou ao número de mais de 4 milhões de visualizações no Youtube. Ou seja, apesar de chacota, o hit é vendável, tendo rendido promoções teatrais, ação do aplicativo de transportes Uber e até piadas em shows de colegas da artista, como o duo Anavitória.
Parafraseando a personagem Joana, da tragédia musical Gota D’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, “o shallow now não vai parar de pingar de boca em boca”. Uma mediocridade reinante, mas um case de marketing de um sucesso exuberante.