por Bruno Cavalcanti
Quando entrou em cartaz pela primeira vez em 2010, O Filho da Mãe entrou instantaneamente para o hall de clássicos encenados pelo ator, diretor e produtor Eduardo Martini, que, com a comédia de costumes sobre a relação de uma mãe e um filho, colecionou indicações a prêmios e críticas elogiosas em grandes veículos de comunicação.
Agora, sete anos após aquela primeira temporada, o mesmo Martini retorna à comédia a qual também assina a direção e vive Valentina, mulher de meia idade que, durante a criação do filho, precisou lidar com um divórcio, a ausência do pai da criança e a construção de uma carreira no competitivo mundo da publicidade.
Guilherme Chelucci assume o papel do filho na montagem que se passa em uma série de cenas em diferentes espaços de tempo, compondo assim a construção das relações entre mãe e filho. O ator consegue uma construção cênica correta, diferenciando bem as idades de sua personagem, mesmo que, às vezes, seja difícil identificar quando ele saiu da adolescência.
Chelucci faz um bom bate-bola cênico com Martini, este sim, o grande destaque da montagem pela caracterização de sua Valentina. A despeito dos ótimos visagismo e maquiagem (assinados pelo ator) e do bom figurino de Adriana Hitome, a construção altamente delicada e detalhista do ator foge completamente do caricato que costuma reinar nas interpretações masculinas para uma personagem feminina.
A nova temporada, que reestreou na última sexta-feira, 11, e cumpre temporada até 30 de setembro no Teatro Itália, na República, mostra uma cumplicidade azeitada entre os dois atores, além de criar rápida identificação com o público. Se o (bom) texto de Regiana Antonini ameaça cair para certo clichê melodramático no final, a dupla consegue valorizar a ternura e fugir do lugar comum.
Safo na comédia, Martini não se priva de fazer o público rir em cenas de temática (até) séria, mas sem abrir mão de um delicioso deboche (hoje) politicamente incorreto, afinal se uma mãe se preocupar se o filho é ou não gay a ponto de quase ter um infarto é politicamente incorreto, que seja louvada a coragem de não perder a piada.
Mas a peça, a despeito de toda a comédia, resulta terna e chega (até) a emocionar. É um bonito espetáculo que não tem medo de soar piegas – ainda que não soe. O Filho da Mãe não faz concessões para o riso fácil, mas também não se envergonha de fazer a plateia rir e se emocionar pela mais pura diversão.
SERVIÇO:
O Filho da Mãe
Data: 11 de agosto a 30 de setembro (sexta a domingo)
Local: Teatro Itália – São Paulo (SP)
Endereço: Av. Ipiranga, 344 – República
Horário: 21h30 (sextas); 19h (sábados e domingos)
Preço do ingresso: R$ 30,00 (meia) a R$ 60,00 (inteira)