por Bruno Cavalcanti
Realizado na noite desta terça-feira, 19, em São Paulo, o Prêmio Shell de Teatro marcou uma de suas edições menos homogêneas. A exemplo do que aconteceu na cerimônia carioca, o júri paulistano decidiu por não eleger favoritos, distribuindo a premiação para diferentes espetáculos.
Ainda que tivesse alguns possíveis nomes que flertassem com o favoritismo da honraria, os resultados desmentiram quaisquer apostas. Se analisada a história do Shell, por exemplo, não seria surpresa se um espetáculo como O Rei da Vela ou Os 3 Mundos premiassem seus diretores, Hugo Possolo e Nelson Baskerville, respectivamente.
Ambos os espetáculos apostaram na desconstrução do teatro clássico, flertando com o experimentalismo a sua própria forma. Mas quem levou a melhor foi Zé Henrique de Paula, pelo trabalho conservador em Um Panorama Visto da Ponte, obra de Arthur Miller que já viu montagens mais robustas desde que foi encenado originalmente em 1955.
Na categoria “Melhor Atriz”, Chris Couto levou o prêmio por seu (excelente) trabalho em A Milionária, desbancando Bete Coelho (minuciosa em O Terceiro Sinal), Fabiana Gugli (ótima em Refúgio), e Regina Duarte (irregular em Leão no Inverno).
O figurino de Jorge Farjalla levou a melhor por Senhora dos Afogados, enquanto Babaya Moraes e Marco França foram eleitos na categoria “Melhor Música” por Estado de Sítio.
Na categoria “Melhor Autor”, Marcos Damaceno levou por Homem ao Vento, enquanto Gilberto Gawronsky teve reconhecimento por seu trabalho em A Ira de Narciso na categoria “Melhor Ator”, desbancando, inclusive, os excelentes Matheus Nachtergaele (Molière) e Rodrigo Lombardi (Um Panorama Visto da Ponte). Concorria ainda na categoria Gabriel Leone, por seu trabalho em Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812.
Encerrando a premiação, a luz de Domingos Quintiliano deu o prêmio para Casa de Bonecas – Parte 2, e o cenário de Marisa Bentivegna, Estúdio BijaRi e Guazzelli confirmou a excelência em Os 3 Mundos.
Na categoria “Inovação”, quem levou foi a Cia. Paideia de Teatro. A homenagem da noite foi para o ator, diretor, dramaturgo, apresentador e humorista multimídia Jô Soares.