por Stella Torreão
É lugar comum dizer que o Rio de Janeiro é uma cidade adequada à prática dos exercícios físicos. A Lagoa Rodrigo de Freitas, a orla da zona sul e os parques estão ai para confirmar essa realidade. Também é lugar comum dizer que os cariocas são apaixonados pela prática de exercícios físicos. Academias lotadas, ciclovias com movimento intenso dia e noite, pessoas de todas as idades se exercitando ao redor do Maracanã, em volta de praças, de monumentos, em áreas abertas e em ruas interditadas ao trânsito.
No entanto, o que é motivo de orgulho para a cidade sede da Copa do Mundo de 2014, das Olimpíadas de 2016 e motivação também para que mais pessoas busquem qualidade de vida é também razão para preocupação. A cidade carece de mais espaços para a prática de exercícios e, mais do que isso, precisa de manutenção constante dos equipamentos já existentes, sob pena dos exercícios praticados na busca da saúde e da boa forma se transformarem em causas de torções, entorses, distensões, estiramentos e fraturas.
Tenho visto com bons olhos a substituição de equipamentos antigos por outros mais novos nas praias da Zona Sul. Em 2008, poucos meses depois do encerramento do Pan-Americano do Rio, alertei, em artigo publicado pelo jornal O Globo, para as más condições dos equipamentos localizados no Arpoador e para a sinalização precária nas ciclovias da cidade. A situação nos bairros das zonas norte e oeste ainda não é boa, mas começa a melhorar. Essas duas regiões merecem atenção especial. Afinal, se por um lado há menos opções de lazer, por outro há mais moradores, uma combinação perigosa que aumenta, substancialmente, os riscos para todos.
O que ainda me preocupa, bastante, são os equipamentos instalados em algumas praças e destinados aos idosos. A prática de atividades físicas sem a supervisão de um professor de educação física não é recomendada para pessoas nessa faixa etária. Talvez a melhor solução fosse, como acontece em algumas cidades no Brasil e no exterior, a contratação de professores para o acompanhamento desses alunos em aulas pré-agendadas. A segurança é um item fundamental para a prática de qualquer atividade física, em todas as idades, mas no caso dos idosos é primordial.
Lembrando que a consulta a um médico e a realização de exames prévios são medidas fundamentais para a prática de qualquer atividade física, e isso vale para pessoas de todas as idades.
Somos a cidade do esporte, do lazer e das lindas paisagens. Precisamos, a partir de agora, nos transformar na cidade da responsabilidade, do cuidado com o corpo e com os aparelhos onde os cariocas buscam encontrar a saúde e a qualidade de vida.
**Stella Torreão é professora de educação física, diretora técnica do Espaço Stella Torreão, na Lagoa, e Embaixadora do Rio de Janeiro no segmento Saúde*