Com a educação como tema principal, a Revista de História da Biblioteca Nacional de setembro levanta o debate sobre a possibilidade de um ensino apolítico, sem ideologia. Em entrevista à publicação, a professora da USP Circe Bittencourt criticou o programa “Escola sem partido”.
“Um dos projetos é que o aluno denuncie o professor e este seja processado e preso. É algo que nem a ditadura fez tão sistematicamente. Isto acontece no momento em que se pode contar a história de grupos sempre marginalizados socialmente e que hoje constituem movimentos sociais atuantes”, afirmou.
“Hoje você tem que contar uma história sem falar de religião, porque falar da religião das comunidades africanas pode ofender a família do aluno evangélico. Este é o nível a que estamos chegando. Uma história que tem que elencar fatos e mais nada. Isto não é ensinar história. O que estão querendo, na realidade, é retirar a história. Para tratar história com fundamentação científica é preciso desenvolver capacidades intelectuais nos alunos, sem isso não há razão de ser. É claro que a história que faz apologia também não tem sentido para a educação, mas sem desenvolvimento de capacidade crítica há o mesmo problema”, completa.
A Revista de História de setembro chega às bancas neste sábado, dia 12.