por Elda Priami
O comércio mais popular do Rio de Janeiro, bem no centro da cidade, com lojinhas, barracas e bancas que se misturam na mais perfeita tradução de uma prévia do Juízo Final, era um dos encantos de Nelson Leirner. Agora, o Saara, é tema da exposição que homenageia este artista anárquico com ironia refinada, que faleceu em março de 2020. Se estivesse vivo teria 90 anos.
Durante mais de cinco décadas, ele desafiou os códigos convencionas da arte contemporânea. No espaço branco e minimalista da Silvia Cintra + Box 4, na Gávea, estão as obras selecionadas pelo curador Agnaldo Farias e, em cada uma delas, um pouco da sua presença transgressora.
Ao misturar bichos de pelúcia, santos, skates, stickers, selos e tudo que atiçava a sua sensibilidade, ele deu novos significados aos objetos. Nas obras estão reflexões sobre guerra, política, erotismo, esporte… O público também poderá assistir ao filme “Assim é se lhe parece”, da diretora Carla Gallo, que registrou algumas dessas peregrinações pelo Saara.
Para Nelson Leirner a questão está no olhar. “Você anda o dia inteiro, caminha, olha, mas não enxerga. O que quero passar com o que faço é ensinar as pessoas a olhar tudo. O ato de enxergar chega à conscientização do mundo em que se vive”.
Nelson Leirner- Peregrinações no Saara
Silvia Cintra + Box 4
Rua das Acácias 104- Gávea – RJ
De 25 de março a 30 de abril
De segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábados, das 12h às 16h

panorâmica da galeria com as obras expostas

era uma vez, mista sobre madeira (espada e imagem de S Jorge)

américa américa, fotografia e figuras de plástico

abracadabra, tapeçaria e objetos de plástico

colares, lado lúdico em destaque

estátuas de gesso com interferências

barquinho

humor, provocações, lirismo…