por Olga de Mello
Chega outubro e o ano acaba daqui a pouco. Com eleições à frente, o momento é perfeito para refletir sobre a vida e o fim de ciclos, que podem sempre ser encarados como o início de uma nova fase. Este é um dos princípios dos autores de livros de autoajuda e de histórias reais ou não, que inspiram podem inspirar mudanças na alimentação, na forma de encarar o universo e até revoluções.
Biografia – Depois de conhecer Abdel Sellou, um imigrante argelino que abandona a delinquência ao se tornar acompanhante do tetraplégico Phillippe Pozzo di Borgo, vale a pena conhecer outro lado da história em O Segundo Suspiro (Intrínseca, R$ ). Best-seller na França, o relato de Borgo é arrebatador tanto nas recordações de sua vida antes do acidente que o aleijou quanto no entusiasmo em aproveitar cada dia, apesar de não ter o menor controle sobre o próprio corpo.
Política – O tom apaixonado do panfletário Fidel, o tirano mais humano do mundo (Leya, R$ 39,90) pode comprometer a credibilidade do texto do cientista político Humberto Fontova. Criado nos Estados Unidos depois que sua família fugiu de Cuba, ele se exalta na ânsia de demolir a imagem revolucionária de Fidel Castro e de seus seguidores. A derrubada da ditadura de Fulgêncio Batista – e sua substituição por outro regime de força – nada teve de heroica, exceto nas páginas de jornais, num tempo pré-Internet.
Culinária – Antes de torcer o nariz ao ver a capa de A cozinha vegetariana para todos (Zahar, R$ 59,90), é bom folhear o livro. A inglesa Rose Elliot tem mais de 60 livros sobre receitas vegetarianas, que já venderam três milhões de exemplares. O segredo: nada tão restritivo quanto muitas correntes do vegetarianismo. Enquanto o radicalismo fica para os politicamente corretos, Rose fala sobre o preparo de qualquer coisa que não tenha carne. Incluindo batatas fritas.
Contos – O universo da pequena burguesia dos subúrbios cariocas das décadas de 1950 e 1960 são o cenário para os dramas do cotidiano criados por Nelson Rodrigues em A Vida como ela é (Nova Fronteira, R$ 49,90). Na edição comemorativa do centenário do autor, 100 contos publicados nos jornais Última Hora, Diário da Noite e Jornal dos Sports são reunidos, pela primeira vez, em livro. Uma verdadeira viagem a uma época em que dissimular sensações e sentimentos era regra mais observada do que a espontaneidade.
Policial – Os investigadores Oliver von Bodenstein e Pia Kirchhoff investigam o desaparecimento de uma jovem, imediatamente depois do retorno à cidade de Tobias, que cumpriu dez anos de prisão, acusado pelo assassinato de duas garotas. Enquanto os moradores hostilizam Tobias, sua mãe morre, atropelada por um motorista que foge. Branca de Neve tem que Morrer (Jangada, R$ 49,90) é o quarto volume das aventuras dos detetives Bodestein e Kirchhoff, criados pela alemã Nele Neuhaus.
Guerra – Escrito em hebraico pelo romeno Aharon Appelfeld , Badenheim 1939 (Amarilys, R$ 29), lançado em 1978, mostra a ascensão do nazismo através das inexplicáveis regras a que são submetidos os veranistas judeus que todos os anos tiram férias na fictícia cidadezinha austríaca. Situações absurdas passam a ser aceitas pela comunidade amedrontada, isolada em um gueto, sem possibilidade de fugir ou de se alimentar. A leitura é fácil. O tema, doloroso.
Olga de Mello é Jornalista, carioca, escreve para sites, jornais e revistas principalmente sobre cultura, que considera gênero de primeira necessidade.
Blogs: www.arenascariocas.blogspot.com e estantescariocas.wordpress.com