por Paulo Roberto Direito
A discussão da ocupação do espaço urbano é essencialmente interessante porque nos oferece a oportunidade de percorrermos a cidade em pensamento. É uma possibilidade reflexiva de atuar como cidadão, um exercício, às vezes, esquecido na correria do dia a dia em que você assume as deformidades sem nenhum senso crítico.
Contra ou a favor, o fato é que todos estão comentando, falando, discutindo, debatendo sobre os grandes acontecimentos que serão a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Isso é positivo. Mesmo sem participar diretamente dos eventos, podemos contribuir para melhorar o lugar em que vivemos. Comparando a cidade com a nossa casa, quando recebemos uma visita querida e abrimos as nossas portas, demonstramos a ela o desejo de acolhê-la. Para isso, a casa tem que estar bonita, limpa, cheirosa. Com a cidade acontece o mesmo. Precisamos estar preparados para receber o visitante. O nosso Rio é lindo, ninguém duvida. O carioca é único na sua simpatia e bom humor. Segundo pesquisa da revista Forbes, nossa cidade foi apontada como a mais feliz do planeta. Cuidando da nossa cidade estaremos contribuindo com a preservação da espécie, do meio ambiente, da fauna, da flora, seja lá do que for. Mesmo que você não esteja preocupado com o futuro da Terra, dos filhos, netos ou passarinhos, mesmo que seja um egoísta convicto, há de concordar que viver em uma cidade onde as lagoas não cheirem mal, onde o esgoto não corra a céu aberto, onde não exista pobreza extrema, onde não haja praças e jardins abandonados, ruas sujas e esburacadas, assaltos a luz do dia, banalização da violência, é um dever do cidadão cobrar ações positivas e não de maquiagem, para reverter o quadro caótico em que vivemos. Para isso existem as ações governamentais, que são obrigatórias. Assim, devemos exigir dos órgãos públicos a prestação concreta desses serviços, pelos quais, aliás, pagamos um preço muito alto. Mas, individualmente, precisamos, devemos, necessitamos com urgência colocar em prática o verbo CUIDAR. Esse é um jeito de ser, uma atitude cidadã que dá qualidade e melhora a vida de todos. Pequenos hábitos e gestos farão uma enorme diferença. E por que a chegada de uma visita é importante? Porque quando ela vai embora queremos que leve as melhores lembranças, queremos que nossa casa continue bonita, arrumada, preparada para nós mesmos e para os próximos que virão. Penso que eventos como esses nós trazem, no mínimo, essa consciência hoje, tão esquecida, pelos atuais mandatários de nossa, hoje tão mal cuidada e outrora cidade maravilhosa. A casa é nossa! Devemos cuidar dela hoje, para que possamos projetar o futuro.
Paulo Roberto Direito – Empresário cultural e Membro do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ