O gênio, o super, o bonitão, o charmoso, o hilário, o inspirado Miguel Falabella – pela classificação já dá pra ver que sou tiete escancarada – fecha hoje nossa temporada de Rio, eu te amo, que começou em 1º de março de 2015, com entrevista do prefeito Eduardo Paes, no dia em que o Rio de Janeiro comemorava 450 anos. Quis que o fecho desse projeto de amor fosse a entrevista com essa figura rara do showbiz. Miguel Falabella, o mais polivalente entre seus pares, é um querido, gente como a gente. A léguas do estrelismo que brota nesse mundo povoado de celebs to be, aquelas que estão na “quarta divisão de acesso”, como dizia outro genial carioca, o saudoso Zózimo Barrozo do Amaral, quando os deslumbrados de plantão cismavam em aparecer a qualquer custo em sua famosa coluna do Jornal do Brasil. Presenciei vários sendo devidamente encaminhados aos costumes nos anos em que trabalhei com o Zózimo.
Amanhã, dia 7, chega ao seu final o seriado Pé na Cova, que nos revelou um Miguel mais denso, mais maduro, tanto como autor quanto como ator. Aquele agridoce texto, tantas vezes melancólico, vai deixar saudade – e não apenas por ter sido a despedida de Marília Pêra, diva única da nossa cena e que tão cedo partiu para o andar de cima. O que anima é saber que já, já, ele aparece aí com outra coisa. Miguel não para. Graças a Deus.
A cara do Rio
Para mim, o Rio tem cara de amanhecer. Em qualquer lugar que você esteja, a cidade vai-lhe oferecer um espetáculo ao amanhecer. Já vi o dia nascer em vários lugares e é sempre uma experiência. Meu avô costumava passear comigo muito cedo, porque ele dormia pouco (assim como eu) e acordava muito cedo. Madrugada ainda. Minhas mais antigas lembranças são da palheta de cores do amanhecer. É quando a cidade floresce.
A imagem do Rio
Essa escolha de uma imagem é muito particular, é claro. Mas eu tenho um quadro, quase impressionista, no fundo da minha mente. A enseada da Freguesia, na Ilha do Governador, com a maré baixa, salpicada de barcos com lampiões, jogando puçás para pescar siris.
O que me faz falta no Rio
Os cinemas de rua. Os grandes cinemas que a cidade perdeu para a voracidade do tempo. O Metro da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Todo mundo ralentava a marcha para aproveitar da lufada de ar condicionado que vinha lá de dentro. Tantos cinemas maravilhosos. As cortinas, os foyers, a sala de projeção era sempre um espetáculo antes do espetáculo. Isso me faz falta.
Rio antigo
Está guardado envolto em papel de seda numa gaveta da memória. Temos que mudar constantemente, é claro. Mas é estranho ter que aprender uma nova geografia. A rapidez com que a cidade muda é muito impressionante, mas só se percebe isso depois de certa idade, é claro.
Rio de hoje
A cidade é linda, sempre. O Rio poderia ser, não fossem as mazelas nacionais, estaduais e municipais, uma das cidades mais visitadas do mundo. A joia do Atlântico.
Rio do futuro
Uma cidade mais segura. Mais humana.
Não podia ter acabado
O Teatro do Copacabana Palace, entre outros.
Tem que ter
Ambulante na praia.
A comida do Rio
Feijoada. Com tudo dentro.
A bebida do Rio
Cerveja.
O seu restaurante no Rio
Ultimamente tenho ido muito ao Anna, que é perto da minha casa e muito bom.
O seu bar no Rio
Não vou mais a bares.
E quando chove no Rio?
É um desastre. Eu não posso sair de casa. A minha rua enche até a canela, invariavelmente.
A música do Rio
Samba. Samba canção. Samba de roda. Fundo de quintal. Samba.
Escola de samba
Desfilei na Grande Rio, na Beija Flor, na Unidos da Tijuca, na União da Ilha, na Estácio de Sá, na Nenê da Vila Matilde em São Paulo; fui carnavalesco e vice-diretor da Império da Tijuca, eu gosto de escola de samba. Gosto de carnaval. Seria injusto escolher uma só.
Time de futebol
Vasco da Gama.
Menino do Rio
Meu pai. Era o típico garotão carioca. No falar, no enunciado, muito carioca.
Menina do Rio
Adriana Esteves.
Um (a) carioca que deixou saudade
Tantos. Tantos. Serve um carioca honorário? De adoção? José Wilker.
- Praia da Bandeira – Rio de Janeiro