por Reinaldo Paes Barreto
Ouvi essa expressão de algum entrevistado recente da inteligente minissérie “Papo na Rede”, série de vídeos da Anna Ramalho, mas não consigo me lembrar quem foi o autor.
Mas o conceito é o seguinte: para muitos, como eu, que vêem com baixa esperança a volta ao “velho normal” no curto prazo, tanto via o sucesso de uma vacinação em massa, quanto pelo arremesso da economia – sem falar em solução consensada sobre o problema do clima – certos fatos (felizmente) me contrariam, com soluções surpreendentes!
Por exemplo: a transferência dos três maiores carnavais do Brasil (Rio, Salvador e SP) para julho. Maravilha! Além de ser muito mais higiênico e agradável (pós vacina, é claro) pular horas, agarradinho, ou simplesmente no meio dos blocos, com 20 graus lá fora, e não 40. E mais: o turista que vem com muita grana – norte-americanos e europeus, principalmente – podem passar mais dias por aqui (200 dólares por dia?), porque lá são as férias de verão, que duram de um a dois meses.
Já do ponto de vista da economia verde, as mudanças climáticas têm provocado mudanças sensíveis nas cadeias de produções agrícolas tradicionais. É o caso dos vinhos. O famoso binômio “frio X calor” (amplitude térmica) que, no passado, gerou a regra pétrea que bons vinhos tinham sempre que ser produzidos em terras situadas entre 30`e 50`graus de latitude hemisférica, aonde – por isso mesmo – estão situados os países responsáveis por cerca de 90% da produção de vinho no mundo, está sendo “atualizado” pela tecnologia.
E é para “amanhã”: o novo mapa dos novos vinhedos tem que levar em conta não apenas os cinturões sanitários, mas o aquecimento global e “empurrar” os seus terroirs para regiões mais altas, portanto mais frias. O climatologista Gregory Jones, professor de investigação sobre o clima, do Departamento de Geografia na Universidade Southern Oregon (EUA), especializado na pesquisa da variabilidade climática que vai atingir os ecossistemas naturais e agrícolas nos próximos 10 anos, concluiu que o vinho já pode preparar o passaporte para novos domicílios.

vinhedos na Dinamarca (foto de Verônica Mambrini)
Rússias? (O Cáucaso é a pátria do primeiro vinho). Escandinávia? A Suécia, aliás, colhe desde 2002, uma bela safra anual e a Dinamarca não fica atrás. O Canadá é hoje um senhor produtor. A Holanda produz vinhos em Maastricht. O espumante inglês elaborado em Sussex ganhou prêmios em Paris.
Claro, que há espaços vinícolas que já estão bem no topo da foto, e vão bem, obrigado.
Mas não custa repassar a teoria de Darwin, que defende que os organismos que sobrevivem ao habitat não são, necessariamente, os mais fortes. Mas os que melhor se adaptam.
Ou seja, quem deve estar na maior felicidade é esse casal de pinguins, namorados, que depois de umas taças de shiraz vão fazer amor na outra margem…