por Anna Ramalho
Dia 2 de fevereiro, dia de festa no mar, como cantava Caymmi, e eu nem à praia vou para molhar os pés e saudar Yemanjá. Respeito ao próximo, respeito a uma doença que já matou mais de 218 mil almas só no Brasil e segue ceifando vidas, apesar da vacina que vem chegando, aos sobressaltos, neste país que nunca esteve tão por baixo, tão vulgar, tão mal governado como nos últimos dois anos. E ainda faltam mais dois – nem gosto de imaginar uma reeleição. Toc toc toc!!! Pé de pato, magalô, três vezes.

A orixá mais amada e respeitada do candomblé: Yemanja, a rainha do mar
Odoyá, mãe Yemanjá. Peço sua proteção. Não deixe que esta calamidade eleitoral se abata mais uma vez sobre este país de tanto mar. Seu reino, rainha-sereia, é imenso por aqui. Imenso e belo, muito belo.
As notícias são tão apavorantes ( beiram o escatológico) que hoje vou falar de outras coisas. Cansei de gastar meu latim com essa gentalha de quinta que não me representa e não me representará jamais.
***
Como naquela música do Lô Borges, “da janela lateral, do quarto de dormir”, tenho a visão sempre inspiradora do Cristo Redentor no alto do Corcovado. A sentinela atenta a este Rio de contrastes – muita beleza, muito mar, muita natureza deslumbrante e outro tanto de miséria, da crescente e paupérrima população de rua, da violência que não dá trégua, das aglomerações desrespeitosas neste tempo de pandemia.
Não saio de casa, mas fui brindada com três noites memoráveis de lua cheia sobre o Cristo. Paisagem útil e muito bem vinda nesses tempos tristes.

A lua cheia e o Cristo Redentor, da janela lateral do meu quarto. Foto com meu Iphone
Olhai por todos nós, Redentor de todos os cantos do Rio. Proteja seus filhos de tantos desatinos, de tanta tristeza e deste vírus maldito.
***
Tony Bennett é meu ídolo desde sempre. Ou pelo menos desde que ouvi pela primeira vez I left my heart in San Francisco. Assisti aos seus shows aqui e, em algum lugar dos meus guardados, tenho uma foto com ele no inesquecível Mistura Fina, onde estivemos juntos numa das noites de bom jazz que o Pedro Paulo Machado promovia ali. O Mistura é minha grande saudade. Bennett uma das maiores admirações.

Tony Bennett, aos 94 anos e sofrendo do mal de Alzheimer, anuncia CD com Lady Gaga
Ele ontem anunciou que está sofrendo do Mal de Alzheimer. Aos 94 anos, cantar em palco não vai dar, mas como ele não esqueceu nenhuma das músicas nem seus arranjos, prepara-se para gravar mais um álbum com Lady Gaga.
Uma notícia supreendente por tudo: pela doença, que curiosamente poupou o que o cantor tem de melhor, pela disposição de revelar o mal e por anunciar o novo projeto.
Deus te proteja, meu amado Tony Bennett. Contando os dias para ouvir esse novo disco.
***
Assisti a um vídeo do chanceler Ernesto Araújo defendendo o indefensável: Jair mandando os jornalistas enfiar a lata de leite condensado no rabo. Das cenas mais baixas da política brasileira.
Jair é um horror, sempre foi e sempre será. De um diplomata de carreira espera-se, no mínimo, educação para falar, boas maneiras e distinção. Araújo é desprovido de qualquer desses quesitos.
Ainda bem que não podemos viajar ao exterior. Essa gente desmoraliza o Brasil.
Precisamos urgente de uma mãozinha divina.