por Aristoteles Drummond
As perdas que todos nós temos ao longo da vida são, em sua maioria , as previsíveis , pela idade ou por um longo convívio com doença incontrolável . Vez por outra somos surpreendidos por acidentes, casos de morte súbita , mas em número realmente menor .
Esta pandemia nos deixa, há mais de um ano, em tensão permanente , procurando nos proteger e aos nossos , sobressaltados pelos amigos acometidos , graças a Deus com maioria de recuperados.
As perdas chocam , entristecem , mas não podemos deixar de admitir que umas mais do que as outras , em função de características pessoais determinadas . São aqueles que penetram via o convívio ,as relações sociais ou profissionais , em nossas vidas , pelas recordações marcadas pela generosidade, simpatia , educação , que descobrimos ter tido a ventura de não conhecer os seus defeitos, que certamente tiveram, como todos nós temos . São qualidades que marcam de tal forma que a perda nos faz sofrer mais e por mais tempo . Muitos serão sempre citados pelos amigos comuns nos momentos de conversa e lembranças, associados a este momento que vivemos.

Mirna Bandeira de Mello e sua cachorrinha Nou: saudade eterna desta querida
Na minha tribo, a perda , logo no início , de Mirna Bandeira de Melo , foi um choque que, passados meses e meses , está cada vez mais presente entre os inúmeros amigos , muitos mesmos , pois ela soube ser uma referência do bem , do bom convívio, incapaz de justificar outro sentimento que não o do carinho e da admiração . Uma figura inesquecível, que marcou a família e os muitos amigos , uns mais chegados , outros mais distantes, mas todos tendo em comum a alta estima por ela .

Fábio Cuiabano perdeu hoje a luta com a Covid. Deixa inconformada e triste uma legião de amigos
Agora , depois de longo sofrimento , o terrível vírus nos leva Fábio Cuiabano , amigo de uns, médico de outros, colega de outros . Uma unanimidade nestes meses de angústia , na busca de notícias a cada momento, de orações . O porta voz no acompanhamento de seu quadro clínico foi um enviado de Deus , o querido Padre Jorjão , incansável na solidariedade , na amizade e na dedicação A ele devemos a angústia amenizada pelas notícias que vinham com os pedidos de orações . Rara unanimidade na nossa cidade , Fábio Cuiabano nos deixou cercado de muito amor e reconhecimento. Todos que com ele tiveram algum tipo de contato guardarão sempre a imagem de seu sorriso , sua alegria , sua generosidade .
Até na longa agonia ele nos serviu , legando este rastro de estimas , por ter baseado sua vida na gentileza, no carinho, com envolvimento zero em polêmicas . Educado, muito educado . Generoso ao partir e nos fazer pensar que nossa passagem aqui nesta terra , cheia de conflitos de toda natureza , deve preferencialmente ser marcada pelo bem , no controle de emoções menores , sejam elas originárias em frustrações , competições fúteis, a inveja, vaidade e a ambição. A pandemia tem despertado muito passionalismo em tudo, especialmente em relação a pessoas , instituições e até as vacinas.
Não é por aí que devemos trilhar , mas por onde passaram pela vida pessoas como a Mirna e o Fábio – na fraternidade e não na agressividade com odores de ódios e preconceitos.
Isso sim é ser cristão.