Atire a primeira pedra quem nunca comentou, leu notícia ou se assustou com o tema ‘fim do mundo’. O assunto mexe tanto com o imaginário das pessoas que foi roteiro de mininovela escrita por Dias Gomes.
E engana-se quem acredita não ser possível se deparar com o fim do mundo. Acalmem-se: não estou falando do Apocalipse nem fazendo crítica política. Trata-se de uma aventura bem bacana – e que pode ser feita, com uma dose de sorte, sem grandes tormentos.
Eu já tive a oportunidade de relatar aqui para vocês algumas de minhas viagens. E as que mais me instigam são, justamente, aquelas consideradas mais exóticas.
Agora você deve estar pensando: “ah, já sei. João foi a Ushuaia. Chegar lá é bem tranquilo”. Sim, é verdade. Eu também estive nessa que é considerada a cidade mais austral do mundo. E, claro, tirei aquela tradicional foto para posteridade:
Mas não é da cidade argentina que estou falando. E, sim, do último pedacinho de terra mais ao sul do planeta: a ilha do – para muitos, mítico – Cabo de Hornos, que pertence ao Chile.
Para chegar lá, eu embarquei em um cruzeiro rumo à Antártida (eu falei que gostava de aventuras, né?). Logo no primeiro dia, recebi orientações gerais sobre o trajeto. Dentre elas, um recado importante: o caminho para o Cabo de Hornos pode ser um pouco complicado.
Pois é, meus amigos. A ilha mítica na qual se localiza o Cabo está entre os oceanos Pacífico e Atlântico. Na região, ventos de até 100 quilômetros (!) por hora são comuns. Mais comuns ainda são as mudanças de clima e temperatura. O céu azul pode se tornar cinzento em minutos. E, também num piscar de olhos, a nuvem branca pode ser substituída por uma cinzenta e carregada.
Expectativas a mil, a noite anterior à chegada à ilha foi de muita empolgação. Confesso que dormi pouco – um misto de ansiedade com o leve balançar do navio. Quando me dei conta, já estava de pé para, no horário previsto pelo comandante, começar a observar, mesmo a distância, a ilha.
E tive sorte: o clima ajudou e consegui registrar essas imagens:
Como estava em um cruzeiro maior, mais extenso e em direção à Antártida, não havia a possibilidade de, via tender (aqueles pequenos barquinhos que levam os passageiros do navio à terra), colocar meus pés na ilha. Mas, sinceramente, isso pouco importou. Aquela sensação de aventureiro tomou conta de mim. Afinal, me respondam: quantas pessoas vocês conhecem que já se depararam com esse fim do mundo?
E se vocês se interessaram pelo destino, é importante se organizarem. O cruzeiro no qual eu embarquei realiza apenas duas viagens à Antártida (e ao Cabo de Hornos) por ano (geralmente, nos meses de janeiro e fevereiro). Há outras opções – não tão confortáveis e cômodas – para esta aventura. Navegando pela Internet é possível encontrar essas possibilidades. Se precisarem de dicas, basta nos acionar por aqui!
Até a próxima, pessoal!