por Aristóteles Drummond
Na minha mocidade, ir ao Country Clube era um programão. Eu morava em frente a ele, na Prudente de Morais, e muitas vezes era convidado pelos meus amigos para acompanhá-los até o clube. Lá, a atração era justamente estar com os amigos, bater papo, falar das festas, dos namoros, uma discreta e educada paquerada. Entre os 17 e os 20 anos, o jantar dançante de domingo era o máximo e reunia o pessoal mais velho e a nossa turma .
O tempo passou e o pessoal mais antigo parece que é hoje minoria no simpático e elegante clube de Ipanema. O bar tinha a sua turma e o piano era uma atração. Ali os mais moços não eram bem recebidos. A turma era dos personagens mais estimados, educados e amigos da mesma geração. Miguel Lins, Aloísio Salles, Nelson Baptista, Antonio Galotti, José de Araujo Mota, Joaquim Rocha Santos, formavam na linha de frente dos que batiam o ponto todo final de tarde. Mas até recentemente, uns dez a quinze anos, permanecia uma mesa diária do jantar com verdadeiros príncipes que eram Francisco Eduardo de Paula Machado, João Neder e Luiz Fernando Secco. E mais, claro, o Almirante Pinto Guimarães e filhos, os Nabuco, os Janer, todos amigos entre si.
Lembrei-me, esta semana, desta marca do Country de congregar amigos, pessoas de famílias unidas pelo casamento ou pela amizade desde sempre, fazendo do simples encontro um momento de prazer e descontração. Eram raras as brigas .
É que indo a um procedimento cirúrgico no Hospital Samaritano, fiquei mais de uma hora na recepção. E foi um desfilar de velhos e queridos amigos, uns em razão de parentes internados, outros para exames, naquele que é o melhor complexo hospitalar do Rio. Ao comentar estes encontros, fiquei sabendo de mais de uma dezena de membros de famílias amigas internados naquele momento.
Realmente hoje em dia os mais velhos não têm onde encontrar os amigos da mocidade. O restaurante Nino’s, do querido Manuel Agueda e com equipe vinda do Country, foi um ponto de encontro nos anos sessenta. Assim como, na área empresarial, o Bistrô da Fernando Mendes, onde jantava todas as noites o Ministro Delfim Neto, e reunia o alto empresariado nacional.
Outro dia fui conhecer um restaurante novo, muito bonito, com capacidade para 600 pessoas, lotado e animado. Só vi um rosto conhecido, que depois fiquei sabendo ser um dos sócios da casa.
O mundo mudou. E não apenas aqui.