por Mariza Gualano
Gilda, Sabrina, Thelma, Louise, Rebecca, Tieta, Emmanuelle, Cinderela, Viridiana, Jezebel. Quantas personagens femininas eternizadas no cinema intitulando filmes tão célebres quanto elas. Seus nomes estão gravados na memória de forma tão marcante e familiar como se fossem velhos conhecidos. Apesar de não figurar entre eles, brilha nas fachadas das lembranças cinematográficas o inesquecível Gelsomina. Em A Estrada da Vida/La Strada (1954) de Federico Fellini, Giulietta Masina (1921-1994) em atuação altamente envolvente defende com garra e humanidade a jovem ingênua que é vendida a um artista de circo ambulante, o grosseiro Zampano interpretado por Anthony Quinn. Gelsomina o segue cheia de sonhos, destilando fragilidade, pureza e singeleza ao encarar contratempos e infortúnios presentes em sua vida cheia de dificuldades que beira a miserabilidade.
Após 60 anos, em 2014, o encanto felliniano de Gelsomina inspira a diretora também italiana Alice Rohrwacher a criar outra Gelsomina no filme As Maravilhas/ Le Meraviglie. Ela mora com a família na região da Toscana ajudando na produção artesanal de mel e desfruta de uma vida impregnada pela serenidade da natureza que a cerca, embora passe por algumas mudanças em sua pacata existência. A jovem estreante atriz Maria Alexandra Lungu imprime a mesma simplicidade e inocência que jorra da Gelsomina de Masina. Um só nome para duas personagens cativantes representadas por duas atrizes em plena forma em diferentes épocas e filmes. Giulietta Masina tinha 33 anos quando encarnou sua Gelsomina e Maria Alexandra apenas 14. É impossível não se deixar seduzir pela precisão e beleza da composição de ambas intérpretes.
No cinema, há um só nome para duas pequenas grandes mulheres.