por Aristóteles Drummond
As famílias mais prudentes e com alguma reserva em divisas começam a preparar uma eventual mudança, definitiva ou temporária, para a eventualidade de anos complicados na escalada bolivariana, que pode ocorrer nos próximos anos. A perspectiva de derrota eleitoral não é bem aceita pelo “grupo duro” do petismo, que vive ainda dentro dos limites do pensamento estalinista, como é o caso do governador Tarso Genro, do ex-ministro Alexandre Padilha, do ministro Gilberto Carvalho e tantos outros. A reação deve ser ousada e pode até colar. Nestes casos, tem sempre gente com faro e sabedoria na alta burguesia e na nobreza. Afinal, não foram poucos os nobres russos e judeus alemães e europeus, que, do outro lado do Atlântico, assistiram as barbaridades do comunismo e do nazismo.
A vulnerabilidade dos que vivem o capitalismo, tendo negócios ou vivendo de rendas, é que, dessa vez, não temos capitalistas investindo na reação e muito menos militares para promoverem o respeito à propriedade, à ordem pública e ao direito de ir e vir. As restrições ao movimento de divisas são imensas, a figura do doleiro foi eliminada, restando, hoje, apenas os que trabalham para os gestores públicos corruptos, como se verifica na leitura dos jornais e no acompanhamento de cada escândalo novo.
Uma viagem mais cara, incluindo dez dias num cinco estrelas de Londres ou Paris, tem de ser paga aqui, uma vez que não se pode levar mais de dez mil dólares, nem gastar mais de 20 mil por ano no cartão. A legislação permite o envio de dinheiro para a compra de imóvel lá fora, sendo que o valor pode ser tributado anualmente como “ganho cambial” e, assim, o contribuinte pagar duas ou três vezes pelo que adquirir. A questão não é muito clara, mas, na melhor das hipóteses, será tributado no dia que vender a propriedade, caso o país venha a se reintegrar em regime capitalista democrático e queiram retornar.
Os pragmáticos, voltando ao tema, estão divididos quanto ao destino ideal para quem possui menos de 15 milhões de dólares disponíveis. Estes podem, bem ou mal, optar pelo circuito, conhecido por Elizabeth Arden – Nova York-Paris-Londres e Roma –, de vida cara. Os demais devem se conformar com Miami ou Lisboa, de custo de vida mais acessível e de boa acolhida a brasileiros, que, em cada uma destas regiões, já representam significativa presença na população local – especialmente para prestar serviços domésticos aos novos moradores que chegam com algum no bolso e não querem lavar pratos nem roupas, apesar de tão boas máquinas disponíveis no comércio local.
Miami (EUA) tem a preferência dos mais jovens, dos que têm filhos em idade escolar, pelas oportunidades que a grande nação capitalista oferece. Os com filhos formados podem preferir Portugal, com uma vida tranquila, confortável e mais próximo das capitais europeias de vida cultural intensa. Além das facilidades e da presença de amigos lá estabelecidos há mais tempo, que não são poucos.
Essa é uma pauta presente, discretamente comentada, sabiamente considerada. Boa viagem!