por Bruno Cavalcanti
Modinha composta por Chiquinha Gonzaga em 1912 para a revista burlesca Forrobodó, Lua Branca entrou para a história da música brasileira como uma das canções mais célebres do repertório popular a partir de 1929, quando foi lançada pelo cantor Gastão Formenti.
Noventa anos separam a gravação original de Formenti da noite de ontem, 04 de junho de 2019, quando o ator e cantor Leonardo Neiva (em foto de Victor Miranda), ao lado do violonista Leo Mancini, enfrentou as 751 poltronas do Teatro Opus, em São Paulo, e roçou o sublime ao interpretar, sem microfone, a modinha de Gonzaga num dos melhores números de seu primeiro show solo, Lírico Pero no Mucho.
Na noite de terça-feira, Neiva subiu ao palco para comemorar 20 anos de trajetória artística. Entre outros trabalhos, o ator chegou a protagonizar espetáculos clássicos do teatro musical, como Les Miserables e O Fantasma da Ópera. No show, o cantor recebeu convidados como as atrizes Talita Real, Raquel Paulin e Alessandra Maestrini, e o ator Tiago Abravanel.
Ao lado de Real, Neiva interpretou Unforgettable (Irving Gordon, 1951) e Easy Lover (Phil Collins/ Nathan East/ Phillip Bailey, 1984), hits dos repertórios de Nat King Cole e Phil Collins, respectivamente. Já Maestrini subiu ao palco para duetar com Neiva ao som da (já excessiva) Shallow (Lady Gaga/ Andrew Wyatt/ Anthony Rossomando/ Mark Ronson), lançada por Gaga na trilha sonora do remake de Nasce uma Estrela e com vida útil prolongada graças a versão (ruim) de Paula Fernandes gravada ao lado de Luan Santana, e gaiatamente relembrada por Maestrini já ao fim do número.
Ator que ganhou projeção ao interpretar o cantor Tim Maia no musical Vale Tudo, Tiago Abravanel fez do repertório do “síndico” seu principal carro chefe e, há oito anos, interpreta os clássicos de Tim Maia com naturalidade, tendo repetido, na apresentação de ontem, 04, temas como Você (Tim Maia, 1971) e Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar) (Tim Maia, 1971).
Já Raquel Paulin bisou com o cantor o dueto da canção-tema do musical O Fantasma da Ópera, quando chegaram a dividir o protagonismo, e Music of the Night, também do espetáculo composto por Andrew Lloyd Webber, Charles Hart e Richard Stilgoe encenado originalmente em 1986.
O roteiro do espetáculo, sob a direção musical de Leo Mancini, abrigou ainda versão metaleira para a ária Largo al Factotum, da ópera O Barbeiro de Sevilha (1813), e interpretação inflamada de Vem Quente que eu Estou Fervendo (Eduardo Araújo), hit lançado pelo tremendão Erasmo Carlos em LP de 1967, no auge das jovens tardes de domingo da Jovem Guarda.