por Bruno Cavalcanti
A não ser que nos últimos 30 anos você tenha vivido debaixo de uma rocha ou em alguma caverna num lugar tão, tão distante, dificilmente o nome de Kiara Sasso (em foto de Caio Gallucci) não lhe será familiar. A atriz é uma das profissionais mais requisitadas dos musicais brasileiros, encabeçando produções que levaram multidões aos teatros de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em seu currículo, figuram obras como O Fantasma da Ópera, A Noviça Rebelde, Mamma Mia!, New York, New York e A Bela e a Fera entre outros.
Toda essa bagagem colecionada ao longo de 30 anos de estrada é o tema de Silhuetas, o show que a cantora estreia nesta terça-feira, 28, no Teatro Porto Seguro, em Campos Elíseos (São Paulo). “De certa maneira é retrospectivo. O nome fala da silhueta da criança que eu era e descobriu o teatro musical, das personagens que eu tive a honra de poder dar vida e da mulher que eu sou hoje por conta desta trajetória. Vai ser um mergulho na minha vida”, garante a atriz.
Em comparação às suas colegas, Sasso até que demorou a ter um show para chamar de seu. “Sempre tive vontade de fazer, mas nunca tive a necessidade. Não achava que eu tinha estrada suficiente, que eu tivesse algo relevante pra dizer”, esclarece. Mas o momento chegou.
Essa decisão muito se deve também à nova faceta que a cantora assumiu em sua carreira: a de produtora. A atriz deixou o pedestal de grande diva dos musicais e foi à batalha ao lado do parceiro na arte e na vida: o ator Lázaro Menezes, seu marido. A dupla produziu e protagonizou O Palhaço e a Bailarina – A Fábula Musical, que fez sucesso na capital e lhes rendeu indicações a prêmios e lugar cativo nas listas dos melhores espetáculos infantis de 2016.
Em Silhuetas, sua segunda produção, Sasso aposta em uma vertente dos shows bastante famosa nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas ainda pouco explorada no Brasil: os showtunes. Para os leitores de primeira viagem, showtunes são canções compostas especialmente para espetáculos musicais, sejam eles do teatro, da TV ou do cinema. A artista acredita que este é o momento ideal para investir neste tipo de show.
“O grande teatro musical criou um mercado e um público muito vasto no Brasil inteiro, gente que vem de muito longe pra nos prestigiar, e com isso cria-se um nome como o meu, como o do Saulo [Vasconcelos], da Sara [Sarres] e tantos talentos que dedicaram a vida toda aos musicais. É o momento da gente usufruir disso”, acredita.
Mas Kiara não é a primeira a usufruir deste filão. Nomes como Gottsha, Amanda Acosta e Alessandra Maestrini já vem se aventurando no mercado da música popular há algum tempo. Esse, contudo, não é um show comum. “O meu show vem um pouco diferente, com cara de performance. Como atriz eu não tenho como não fazer um fuzuê, uma interpretação de cada canção. Eu não estou ali no palco só cantando músicas”, garante.
De acordo com a cantora, tanto o musical quanto o show são os primeiros passos de um caminho como produtora que pretende percorrer por muito tempo. “Às vezes artistas como eu se sentem mais satisfeitos em fazer uma criação própria, onde tudo lá dentro vai ser externalizado e vai funcionar da forma que achamos que será boa”. Sasso ainda vê na nova composição de mercado uma espécie de seleção natural.
“Agora com esses problemas com as leis de incentivo, todo mundo diz que os grandes musicais vão sofrer muito… daí quem vai sobreviver somos nós que temos que fazer teatro. Vamos fazer nossa arte da maneira que der. Vão sobreviver realmente os verdadeiros artistas, as pessoas que dão o sangue e a alma no palco mesmo”.
Em uma carreira que já comporta 30 anos, a atriz já olha para o futuro e não descarta um trabalho autoral, um CD e mesmo outros musicais. Mas, por hora, Silhuetas é sua menina dos olhos. “Esse show é um novo recomeço”, finaliza.
O show Silhuetas chega ao Teatro Porto Seguro na próxima terça-feira, 28, às 21h. Os ingressos custam de R$ 30,00 a R$ 80,00.