por Anna Ramalho
Cena clássica de novelas e filmes é a atriz , na hora da raiva e do desespero, começar um quebra-quebra, sempre varejando uma escultura ou um jarro na parede ou no espelho. Em seguida, encosta-se na parede e vai lentamente escorregando para o chão onde se acaba de chorar. Quantas vezes já vimos Susana Vieira, Christiane Torloni ou Adriana Esteves fazendo isso? É um manjadíssimo recurso dramático, que muitas vezes invejei, mas nunca copiei. Não faz o meu gênero.
Tenho cá pra mim, que hoje tá voando bibelô no Planalto. Imagina a fúria do homem quando ouviu seu ídolo Donald Trump esculachando o Brasil e seu presidente que deixaram a Covid correr solta e matar mais de 30 mil pessoas – segundo o que nos informam.
Não acredito nessa contabilidade. Deve ser pelo menos o triplo, mas nunca saberemos ao certo porque só às 22 h eles liberam os dados macabros para que os brasileiros continuem na ilusão de que tudo vai bem e que em 2022 o mito estará reeleito.
Pelo que se comenta por aí, o Jair não dorme direito, tem insônia. Como não é homem de leituras e alta madrugada não tem bolsominion pra live, sobra a televisão, onde é onipresente no noticiário – em 70% dele, pau puro. Jair é um homem atormentado e tem toda a cara de quem tem medo de assombração. O Brasil que comanda está tomado pelo vírus que ele despreza. Uma morte a cada minuto. Uma quantidade enorme de espíritos que devem estar vagando atormentados pelo descaso com que foram tratados pelo presidente do país. Muitos eleitores seus morreram. Pelo coronavírus.
Se vale um conselho, é bom evitar vagar naquela imensidão de vidro nas madrugadas insones do Alvorada, pra não dar mole pra fantasma. Qualquer descuido pode ser fatal.
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A madame do Recife é uma assassina irresponsável. Mulher desalmada. Mas, como diz minha amiga embaixatriz, a Teteia, ela seria irresponsável e desalmada mesmo se o Miguel fosse louro de olhos azuis. É um tipo de gente que nem olha para empregado, que mal cumprimenta ou agradece quando é servido. Casa grande e senzala. Em Pernambuco, do grande Gilberto Freyre, e em todo o Brasil.
Meu sentimento e solidariedade para Mirtes, a mãe do Miguel, o menino que voou ao encontro do Arcanjo que lhe deu o nome. Chorei com você, Mirtes. Não há compensação financeira que traga seu filho de volta, mas se madame teve 20 milhas pra pagar fiança ( dizem que oriundos dos cofres públicos), um bom advogado arranca-lhe o couro para que você possa, pelo menos, ter uma vida menos miserável.
No Brasil, no geral, e no Rio, no particular, também tem muita gente dizendo “I can’t breathe”. O ar anda irrespirável.
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Amo o Miguel Falabella – uma pessoa genial. A Globo, afinal, desligou-o do cast depois de 39 anos de casa. Sempre elegante, saiu elogiando a emissora e afirmando que irá se reinventar. É claro que vai. Postou: “Só tenho boas lembranças. Só tenho sorrisos. Cheio de gratidão por todos os companheiros que estiveram ao meu lado nessa jornada e ao público que viu algo em mim que nem eu mesmo via.”
Miguel é uma usina de talento, de ideias, de múltiplas plataformas. Ele já vem dando show no Instagram, onde é presença assídua: canta divinamente, lê poesias e apresenta as Curiosidades da Quarentena – hoje falou sobre Mata Hari, como também já falou sobre a história do Bloody Mary e sobre a Rainha Victoria. O cara é fera!
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Cauã Reymond não é apenas um homem bonito: é culto, inteligente e entrevista muito bem. Tem feito lives ótimas no Instagram, cheias de conteúdo
Falando em Instagram e lives, os bonitões Cauã Reymond e Fábio Assunção conversaram por uma hora na rede, ontem. Papo de dois excelentes atores, dois gatos inteligentes, conversa de alto nível.

Fábio Assunção, em excelente forma física, deu show de bola como entrevistado do colega Cauã Reymond na live do Instagram
Antonio Fagundes – o ator que mais admiro pelo conjunto da obra, o charme que só aumenta, a inteligência e a cultura – também marca presença com selo de qualidade no Instagram. Dia desses, recitou um poema de Brecht. Arrasou. Dá dicas de livros, posta fotos com a mulher Alexandra Martins, fala de teatro, com aquela voz que o tempo não alquebra.

Um casal querido: Alexandra Martins e Antonio Fagundes dividem seus momentos de confinamento com uma legião de fãs
Confinamento com esse povo dá gosto. São momentos em que a gente consegue respirar. Palmas para os artistas!
Continuo em casa. Não passou, mas vai passar.
#fiqueemcasa