por Lu Catoira
Ouve-se fala em Fast Fashion mas o que é isso mesmo? Moda rápida?
Muitas pessoas acham que Fast Fashion é sinônimo de lojas de departamento que está associado a produção de roupas em larga escala e preços melhores dos que os das marcas em geral. Mas é mais do que isso.

Renner
O conceito atrás deste termo é um modelo de comercialização com o foco no cliente (o perfil e as suas preferências). As lojas que utilizam este modelo oferecem produtos que eles desejam, num determinado momento, sem reposição. Em função de produzir peças ao gosto do consumidor, são lançadas várias coleções ao longo do ano, fazendo com que haja uma maior rotatividade das peças nas lojas e em consequência, aumentando as vendas.
Esse modelo rapidamente foi aceito por lojas que vêem investindo em coleções rápidas e até virou livro, do italiano Enrico Cietta, “A revolução do Fast Fashion”.
Segundo Enrico, as empresas buscaram um novo modelo de varejo para atrair os consumidores: “O que determina o modelo de negócio não é velocidade, mas o target (alvo). Fast food é sempre rápido. O fast fashion não necessariamente fast, mas é sempre fashion”, explica Cietta.
Ë é bem por isso que o Fast Fashion atinge lojas que adotaram o modelo de lançamento de micro coleções e também as lojas de departamento. Não é por acaso, que a C&A, a Renner e a Riachuelo vêm lançando coleções de marcas de estilistas famosos, sejam elas nacionais ou franquias internacionais. A Renner, por sua vez, mesmo sem parcerias com grandes estilistas ou marcas famosas, aposta na rede de fast fashion, com produtos com preços acessíveis e especialmente produzidos para um público de “moderninhos” antenados com a moda.
Segundo Cláudio Diniz, autor do livro Mercado do Luxo no Brasil, as parcerias são mais uma estratégia de marketing, do que de vendas em volume, já que a quantidade de peças é limitada, assim como sua distribuição nas lojas. Ele explica que “É um meio de divulgar a marca e chacoalhar o mercado. Enquanto as grifes divulgam a marca para potenciais consumidores, as grandes redes oferecem ao consumidor a oportunidade de adquirir uma marca de prestígio, conquistando-o ainda mais”.
O comprador do fast-fashion não busca apenas bom preço. O interesse do público brasileiro pelo design de renome começou há cerca de dez anos, com o acesso à informação proporcionado pela internet.
O movimento fast fashion tem alguns pontos positivos. As coleções são pensadas no público alvo, com peças dentro das tendências de moda e os preços parecem convidativos. Mas, muitas vezes, a qualidade das peças não têm bons materiais e acabamentos. E um outro problema desse mercado é saber como e por quem as peças são produzidas para as lojas que praticam preços baixos. O resultado é o que se vê nos escândalos de lojas de departamento que utilizam mão-de-obra escrava.
A mídia das marcas que aderiram ao movimento fast fashion é responsável por criar o interesse do consumidor em adquirir itens de moda – uma necessidade de comprar todas as novidades disponíveis no mercado.
As parcerias entre grifes e grandes redes de varejo não são novidade no mundo fashion. Elas começaram nos anos 1960 com o estilista francês Pierre Cardin para a loja de departamentos Printemps. Karl Lagerfeld e Yves Saint Laurent, anos 80uniram forças com a C&A Europa. Em 2004, Lagerfeld dividiu etiquetas com a sueca H&M. E a partir daí, muitas parcerias foram criadas nas lojas de departamentos.
No Brasil, Riachuelo e C&A multiplicaram a estratégia. A primeira já lançou mais de 20 coleções cápsula de parcerias com estilistas como Oskar Metsavaht da Osklen, Thais Gusmão, Pedro Lourenço e Cris Barros. A C&A, pioneira na iniciativas no Brasil, já produziu na C&A Collection, mais de 30 coleções em parceria com nomes famosos como Gloria Coelho, Reinaldo Lourenço, Isabela Capeto, Renato Kherlakian.
Com certeza, é um bom negócio! Lembrando que com o Fast Fashion, é possível ter uma peça de roupa assinada por um estilista famoso e ainda com preço popular.