por Rogeria Gomes
Ser é a questão. Essa afirmação norteia o universo do monólogo “EUS” com a atriz Maria Adélia que nos apresenta de forma visceral nossos múltiplos.
Adélia é dessas atrizes competentes, que extrai o melhor do que lhe é proposto, e nesse caso, com um toque ainda mais especial, pois o texto é de sua autoria ao lado de Luiz Estellita Lins, o que lhe permite um vôo ainda mais alto e profundo. O texto é ao mesmo tempo lúdico e tenaz, cada história proporciona uma viagem, uma reflexão, um questionamento, uma emoção.
Ser e existir em que proporção? Com que referências? Eis a questão, que EUS coloca cara a cara. Sem, no entanto, faltar o humor, que entra em cena na medida certa dando suporte para os trancos emocionais a que somos fisgados.
Sem dúvida é um desafio que Maria Adélia encara com esse monólogo, que trilha muito bem acompanhada desses múltiplos EUS carregados de sentimentos, afetos, desafetos e perplexidades. Uma atriz completa em cena, utilizando-se dos componentes cênicos a favor de sua performance e do lirismo do espetáculo. Poesia, palavra e sensibilidade se encontram.
A direção tem a assinatura da atriz ao lado de Alexandre Mello que extrai o melhor de Maria Adélia. A iluminação de Beto Bruel cumpre perfeita harmonia com cenário e figurino de Ronald Teixeira e Guilherme Reis, tudo jogando a favor do bem sucedido resultado final. Em um mundo egocêntrico, solitário e esquisito, EUS chega em boa hora, na medida. Um trabalho primoroso.
- Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
- Quinta a sábado às 21h – Domingos às 20h
Bate Bola com Alexandre Lino
‘O Porteiro’
- Você tem se dedicado a falar de universos considerados ‘excluídos’ da sociedade. Acha que o teatro ajuda de que forma a se repensar as questões que você apresenta?
Penso mais na tentativa de invisibilidade que exclusão. A sociedade não tem esse poder de excluir. Apesar de agir assim. Iniciei essa busca com o espetáculo Domésticas (2012) e percebi que ali existia algo muito maior que uma peça de teatro. Existia nesse encontro uma relação de pertencimento de três esferas fundamentais para que essa provocação reflexiva acontecesse. As próprias empregadas domésticas, artistas e público (nesse caso às vezes também patrões). Era ali em meio a risos e soluços que domésticas se sentiam à vontade para concordar e discordar, muitas vezes em voz alta e audível, daquele acontecimento. Decidi que a partir disso meu Teatro seria esse (Documental). Dentro de uma sociedade presa e subordinada aos aparatos tecnológicos o Teatro é libertador, é a arte do encontro e cada vez mais do diálogo potencialmente transformador.
- Fazer monólogo é sempre considerado um desafio maior para o ator. Como tem sido para você essa experiência?
Esse é meu segundo monólogo de uma trilogia que concluo ano que vem. As pessoas pensam que O Pastor também era, mas não. Somos três em O Pastor. Em Lady Christiny (2016) me senti disposto para encarar em desafio solitário. É uma experiência corajosa e libertadora. Se o processo de criação é intenso, como aconteceu nos dois espetáculos, a cena e a troca com o público dissolve a sensação da solidão e vibramos juntos, contracenamos com o espectador. Estou preso a esse encontro agora. Tem sido uma viagem extraordinária.
- Qual seu maior desafio como ator?
Encontrar falas que sejam pertinentes para a nossa realidade e que eu seja um porta voz na medida certa para o discurso
- Nessa peça atual ‘ O Porteiro’, você trabalha assuntos delicados com leveza e humor. Fale do espetáculo e de sua ideia sobre o tema?
Tudo começa com Domésticas (2012) onde esse tema já estava presente. Depois segue com Nordestinos (2015) e agora O Porteiro (2017). Sempre busco voltar as minhas origens nordestinas para falar de nosso país. Sou um migrante do interior de Pernambuco e conheço de perto essa realidade. Vou transitar em outros lugares como artista, mas como cidadão nordestino/brasileiro tenho esse compromisso comigo e com meu povo. Falar dessas questões e levar à cena histórias que passam despercebidas no cotidiano é minha contribuição para tentar entender que lugar é esse que vivemos. Que Brasil é esse.
Teatro Sesc Tijuca- Teatro II- Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca -RJ
De sexta a domingo -19h / Preços Populares
Boas da Cultura
- O coletivo ‘OS QUERIDOS DE GUILHERME’, formado a partir de Oficinas Práticas de Teatro no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, localizado na casa onde o célebre empresário e produtor musical morou, em Ipanema, apresenta a leitura dramatizada da peça “PERDOA-ME POR ME TRAÍRES”, de Nelson Rodrigues, no dia 20/08, quarta-feira, às 20h. Única Apresentação.
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo – Rua Redentor, 157 – Ipanema
GRATUITO (sujeito à lotação)
- A Fundação Cesgranrioapresenta o FESTU– Festival Universitário de Teatro– contando com os seguintes espetáculos:
21/09, quinta-feira, às 20h – O último que sair apague a luz (UCAM)
22/09, sexta-feira, às 20h – Crianças de Terezin (MARTINS PENNA)
23/09, sábado, às 19h – Vida de Galileu (UFRJ) | (GRATUITO) →→ para esse espetáculo, senhas serão distribuídas 1h antes.
24/09, domingo, às 19h – A casa dos felizes (MARTINS PENNA)
Preços Populares
Todos que vierem ao FESTU utilizando o aplicativo Cabify ganham 30% de desconto na corrida.
Fundação Cesgranrio : Rua Santa Alexandrina, 1011, Rio Comprido.
- ‘Consertam-se Imóveis’ conta a história de uma família cuja trama é firmemente entrelaçada, figurando no centro um nó fundamental: a mãe, idosa e enferma. Ao se verem diante de situações inesperadas e de um iminente colapso, todos os seus membros se articulam em desdobrados esforços para poupar a matriarca de sobressaltos que podem ser fatais. Idealização e direção: Cynthia Reis , com texto: Keli Freitas. No elenco: Eduardo Cravo, Jarbas Albuquerque, Raquel Alvarenga, Suzana Nascimento.
Sábados às 20h e domingos às 19h.
Entrada Franca: Distribuição de senhas 1 hora antes do começo do espetáculo
Espaço Furnas Cultural: Rua Real Grandeza, 219 – Botafogo – Rio de Janeiro, RJ
- Espetáculo de dança contemporânea“D’água e Lama” espetáculo da Amazônia que estará em circulação pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014, apenas em duas apresentações 01 e 02 de na cidade do Rio de Janeiro
Local: Fórum de Ciência e Cultura – UFRJ
01/10
às 19h
Entrada Gratuita
endereço Rua Rui Barbosa, Flamengo
Local: Centro de Artes da Maré
02/10
às 19h
Entrada Gratuita
Endereço Rua Bitencourt Sampaio, 181