por Carlos Scherr
Como médico tenho observado vários cenários neste período de pandemia, pessoas fazendo tudo que os cientistas de ultima hora recomendam, outros não fazendo nada dos que os cientistas de verdade preconizam, aqueles que misturam política com ciência, os que se aproveitam do momento, aqueles desesperados pelos efeitos deste período nas suas vidas.
Crises de depressão pelo isolamento social, medo do que pode vir e a insegurança.
Casais que nunca conviveram tanto e se descobrem ou se afastam, famílias tendo oportunidades únicas de convívio com duas ou três gerações.
Médicos conhecidos internados em estado grave, necessitando do apoio dos respiradores artificiais para poder respirar, alguns não resistindo, muitos sofrendo. Alguns tratando de seus colegas de plantão.
Alguns me perguntam e o tratamento? Respondo não temos. Mas certamente quem tiver esta doença hoje será melhor tratado que os primeiros que a contraíram. Resolver mesmo só com uma boa vacina. E a vacina? Resolve para sempre? Por quanto tempo?
Não sabemos ainda.
Por que uns pegam e outros não? Casais em confinamento um tem o outro não. Genética? Melhor defesa imunológica? Carga viral mais baixa? Proteção cruzada por outros tipos de coronavirus?
Não sabemos.
Está passando? Acho que não. Vamos conviver e viver de uma forma diferente por um bom tempo.
O que fazer então?
Seguir as recomendações básicas: quem não precisar ir à rua não vá, usar mascara sempre que estiver com pessoas de fora de sua casa e de forma adequada cobrindo a boca e o nariz, manter distanciamento de 2 metros em qualquer lugar, evitar aglomerações, lavar as mãos adequadamente e paranoicamente muitas vezes por dia, quando não puder recorra ao álcool gel.
Pode fazer exercício ao ar livre? Sim. Com máscara, distante de outras pessoas e sem passar a mão no rosto.
Quem já teve? Estes não sabemos o quanto estão protegidos e por quanto tempo. Talvez nem todos estejam protegidos, portanto recomendo cautela.
Cuidado com superfícies e com objetos que várias pessoas colocam as mãos: maçanetas, portas, botão de elevador, banheiros públicos e transportes coletivos.
Vai passar, mas temos que estar atentos e respeitar a fúria do inimigo.