por Bruno Cavalcanti
Tulipa Ruiz e Pipoco das Galáxias
Data: 11 de maio de 2019
Local: Blue Note – São Paulo (SP)
Horário: 22h30
Show em cartaz ainda em sessão às 20h.
Cantora de voz e presença cênica expansivas que vem construindo obra cada vez mais voltada para seu próprio universo particular, Tulipa Ruiz (em foto de Leandro Cacosi) apresentou, na noite de sábado, show intimista que se alinhou ao universo que ronda a casa de shows Blue Note, templo do jazz mundial, recém-inaugurada na cidade de São Paulo.
Conversando com a faceta cada vez mais voltada para o próprio interior dessa canora e compositora santista, que bisou sucesso popular com o lançamento de seu segundo álbum de estúdio, Tudo Tanto (2012), impulsionado pelo hit dançante É, o show Tulipa Ruiz e Pipoco das Galáxias buscou uma comunhão da artista com o publico que encheu a casa para cantar em coro boa parte das 15 canções que compuseram o roteiro autoral e retrospectivo deste show de entressafra.
Sem se atrelar a divulgação de seu último álbum, Tu (2017), Ruiz passeou pelo repertório de seus últimos álbuns com ênfase, principalmente, no penúltimo, o melodioso e pouco ouvido Dancê (2015). Ao longo de pouco mais de uma hora, a artista mostrou vitalidade e força vocal ao enfrentar a segunda sessão de um espetáculo que, por seu teor retrospectivo, lhe demanda muito.
Ao longo do best-of de sua carreira – que em 2020 completa 10 anos desde o lançamento do inicial Efêmera (2010) –, Ruiz contou com a comunhão de um público que, desde o início, ao som de Jogo do Contente, lhe deu a partida ganha. Percebendo a cumplicidade, a cantora não se intimidou em enfileirar, de começo, quatro canções daquele álbum de 2015.
Prumo, Físico e Proporcional, animaram a plateia de fãs, ainda de não sejam as melhores canções do repertório dessa melodiosa compositora que, a despeito do espaço intimista, não fez alusão a grandes interações com o publico. “Obrigado pelo olho no olho”, agradeceu antes de seguir o show na inusitada pegada do rock formatada pela cozinha de guitarra, baixo e bateria que a acompanhava.
A (boa) banda, inclusive, foi o destaque da noite, valorizando sua voz – ainda apta a floreios e agudos estridentes –, e fazendo brilhar canções menores, como o samba noise Reclame. Composta por Tulipa e, nas palavras da cantora, ofertada a uma deusa, a libidinosa Banho (gravada pela entidade Elza Soares em seu último álbum de estúdio, Deus é Mulher) perdeu força na voz e na pegada da cantora com a banda Pipoco das Galáxias – composta por Fábio Sá (baixo), Gustavo Ruiz (guitarra) e Caio Lopes (bateria).
Contudo, apesar dos bons momentos, a intimidade da casa também sublinhou a letargia de parte da obra construída pela compositora, fazendo saltar aos ouvidos a puerilidade de baladas como Elixir e Aqui, prejudicadas pelo mesmo ar que valorizou a execução de Pedrinho. Um dos melhores temas do cancioneiro de Ruiz, Víbora também surgiu mais fraca no palco do Blue Note, que abrigou ainda a participação do guitarrista Luiz Chagas.
Encerrado (antes do BIS) ao som da letárgica Sushi – precedida pela festiva É – o espetáculo intimista ajudou a evidenciar ainda mais o canto cristalino dessa cantora de 40 anos de idade, e pôs boa lupa sobre uma obra que, dentro dos nichos, se sustenta com certo vigor, mostrando que Tulipa Ruiz ainda tem muito a oferecer a seu séquito cosmopolita.
Confira abaixo o roteiro seguido na segunda sessão do show na noite de sábado, 11:
1- Jogo do Contente (2015)
2- Físico (2015)
3- Prumo (2015)
4- Proporcional (2015)
5- Pedrinho (2010)
6- Reclame (2015)
7- Elixir (2015)
8- Banho (2018)
9- Aqui (2010)
10- Like This (2012)
11- Víbora (2012) (part: Luiz Chagas)
12- É (2012)
13- Sushi (2010)
BIS
1- Às Vezes (2010)
2- Efêmera (2010)