por Rogeria Gomes
Um espetáculo de vigor volta à cena, ’ A Cuíca do Laurindo’, que resgata um personagem evocado pelo excelente compositor Noel Rosa no conhecido samba ‘Triste Cuíca”. Laurindo é um daqueles cariocas explícitos que como bom sambista é figura constante nos morros cariocas, esse mais especificamente no morro a Mangueira, considerado o berço do samba e responsável por congregar os bambas.
Laurindo continua tendo vida prolongada nos sambas de outros compositores importantes como Herivelto Martins, Haroldo Lobo, Heitor dos Prazeres entre tantos, e sua história transcorre nos anos férteis do bom samba brasileiro, anos 1930 e 40, época de reconhecidas composições. Nesse clima se apresentam à cena os antigos blocos, os desfiles carnavalescos que aconteciam na Praça Onze, o cotidiano dos morros cariocas, tudo isso inserido na vida de Laurindo com seus casos amorosos com Zizica e Conceição, sua liderança na Escola de Samba Lira do Amor da Mangueira e, sobretudo, o ponto alto de sua trajetória, a luta que travou contra os nazistas por um ideal, que o afasta do morro e de seus costumes. Em seu retorno como herói de guerra situações novas aparecem na trama dando ao espetáculo mais ritmo e bons diálogos.
O elenco prima por competência, ritmo cênico, entrosamento, tudo costurado por uma trilha sonora cuidadosa sob direção musical de Luis Barcelos. A peça é escrita por Rodrigo Alzuguir e vale destacar o elenco em suas atuações, como Alexandre Moreno que vive o protagonista com destreza e desenvoltura dos precisos atores de musicais, Vilma Melo interpreta Zizica, esposa de Laurindo, com segurança e a competência das atrizes de fôlego, capaz prender a atenção do público o tempo todo, Claudia Ventura encara a amante com performance acertada, Marcos Sacramento solta a voz imprimindo tom às musicas, e todo elenco se entrosa na medida certa. A direção de Sidney Cruz é correta, o cenário de José Dias ajuda a situar a trama e o figurino de Flávio Souza cumpre o objetivo.
Um musical que nos mostra um Rio de Janeiro alegre, esperançoso e de gente capaz de transformar a dificuldade diária em luta. Boa inspiração!
- Teatro Carlos Gomes – Praça Tiradentes, s/nº- Centro
- Para falar comigo: [email protected]
‘Boas do Teatro’
- ‘O Cão que sonhava Lobos’ espetáculo solo com um texto muito bem cuidado de Samir Murad que também é o protagonista , e preenche um bom espaço no teatro já que é palatável a varias idades, não só as crianças. A peça conta a trajetória de um cãozinho que dialoga com seu antepassado, o lobo . Nessa aventura muitas descobertas e curiosidades. Samir utiliza-se muito bem de instrumentos musicais e do cenário , dando um colorido especial a peça.
Tetro Laura Alvim – sábados e domingos às 17h
- ‘Emilinha’ , musical dedicado a resgatar a memória da grande cantora Emilinha Borba, ícone da musica popular dos anos 1930 e 40. A atriz Stella Maria Rodrygues dá vida a Emilinha em performance de alta competência, ao lado de Fabricio Negri que ajuda a contar as várias fases da cantora, sob batuta da competente diretora Sueli Guerra. Merece ser visto.
Teatro Maison de France – quintas e sextas-feiras às 19h
- – COMO ESCOLHE OS PERSONAGENS PARA SEUS ESPETÁCULOS?
- – A QUESTÃO DO “POLITICAMENTE CORRETO” INTERFERIU ATÉ QUE PONTO NA FORMA DE SE FAZER HUMOR?
- O MELHOR E O PIOR DO HUMOR?