por Rogeria Gomes
Um encontro inusitado entre dois pensadores é o mote principal do espetáculo ‘Diários Marginais’, que agrega às comemorações aos 25 anos da Oráculo Cia de Teatro. Trata-se de um encontro entre o jornalista e cronista João do Rio e o escritor Lima Barreto, que nasceram no mesmo ano , morreram com um ano de diferença porém personalidades muitos distintas. Esse encontro traduz a defesa das idéias de cada um, apostando em um diálogo intrigante, contundente em que ambos expõem sua forma de pensar sobre vários assuntos, e são confrontados por suas próprias ideias. O fictício encontro acontece na biblioteca de Lima Barreto, onde ele está confinado terminando sua obra ‘Cemitério dos Vivos’, por sinal, inacabada. A forma explorada pelos atores para a narrativa é empolgante e faz um contraponto essencial à representação. Em cena os experimentados atores Gilson Gomes interpretando Lima Barreto e Wagner Brandi como João do Rio, estão em excelente performance, nos remetendo a ambos com precisão cênica e interpretações acertadas. A direção tem assinatura de Luiz Furlanetto, ao lado de uma equipe afinada, especialmente por trata-se de uma adaptação para versão on line. Tudo ajustado e funcionando a favor. A Companhia que escolhe para esta comemoração o encontro entre Lima Barreto e João do Rio apresenta um trabalho de pesquisa que inclui encenações de adaptações literárias, além de presença ativa em festivais e agraciada com prêmios de destaque. Bons confrontos, boas idéias. Assim ‘Diários Marginais’, aguça o espectador e deixa-nos com um gosto de quero mais.
Espetáculo Gratuito : Transmissão online no canal da peça no YouTube (linktr.ee/oraculocia)
Sexta a domingo, nos dias 5 a 7, 19 a 21 e 26 a 28 de fevereiro
Horário: 16h
Bate Bola com Oscar Calixto
“Anjos”
Como surgiu a ideia para criação do texto de ‘Anjos’ ? Fale sobre o espet
O texto foi escrito no segundo semestre de 2008, quando eu fui convidado para dirigir um espetáculo junto a Cia Boca em Cena. Eu tinha 2 amigos naquela Cia que era composta por 7 atores. Ambos sugeriram meu nome para dirigi-los numa montagem.
Num papo, sugeri que falássemos sobre”Anjos” e “Demônios”, mas não na forma plástica que temos em nosso imaginário e sim dos anjos e demônios que temos dentro de cada um de nós. A versão atual é completamente diferente. Ela propõe uma experimentação de linguagem que mescla teatro com audiovisual. Fiz isso na busca de uma proximidade um pouco maior com o espectador que assiste ao espetáculo numa transmissão via Zoom.
Como foi conceber a adaptação do espetáculo que já foi apresentado na forma presencial para virtual?
Foi um desafio enorme. Não é uma tarefa fácil porque o vocabulário da escrita para o virtual é outro, no meu entendimento. Não é como escrever com o vocabulário dramatúrgico dos palcos. É diferente e eu nunca tinha feito nada parecido antes. Foi difícil porque escrever para teatro é de uma liberdade absurda e, de repente, você tem diversas limitações para exercer a sua capacidade criativa. Contudo, isso acabou abrindo espaço para a criação de novas possibilidades. Acho que o resultado foi positivo. Na estreia de Anjos, nós conseguimos reunir pessoas de 06 países diferentes: Brasil, Alemanha, França, Argentina, Estados Unidos e Portugal, além de pessoas do Rio, São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Paraíba. Na minha cabeça, a linguagem teatral puramente colocada ali não funcionava tanto. Não estava muito convencido daquilo, na verdade. Pra mim, estava sempre faltando algo. Na minha cabeça, no mínimo, o que eu estava vendo teria que ser um misto de teatro com audiovisual, já que o que estava entre os atores e o público era uma lente e não uma boca de cena.”
Como foi adaptar o texto de sete atores para dois?
Em Anjos eu mesclei a história de 02 personagens femininos com a de 1 masculino, que originou a personagem Sabrina, deixei os 02 personagens que o Marcus Anoli faz nessa nova versão de “Anjos” praticamente iguais e criei outros 02 para abrir e fechar a trama. Contudo, mesmo os personagens que já existiam na montagem anterior não tinham ligação alguma entre si. Eram personagens distintos e completamente independentes, não estavam ligados a nenhuma eventualidade de outros personagens. Um dia eu percebi que se eles estivessem, poderia ser legal, daria para provocar um elo entre todos eles com uma justificativa altamente plausível dentro da nova trama que estava criando com partes de uma dramaturgia preexistente. Segui adiante com a ideia e tive que rever tudo com muita delicadeza, atenção e sensibilidade Era uma lógica meio perigosa, na verdade, mas que poderia apontar para um caminho de tornar o texto minimamente convincente e diferente para o espectador no final.
Qual obstáculo precisou transpor e onde sentiu favorecimento ao espetáculo nessa versão?
Não estar no mesmo ambiente dos atores, eu acho que foi o obstáculo mais difícil de todos para mim. Fazer isso tudo sentado numa cadeira de escritório e diante de um computador, me doeu bastante. Porque eu sou justamente o inverso, eu sou absolutamente relacional e gosto de estar junto dos atores. Para o Marcus e para a Sabrina também era muito difícil, eu via isso, sentia, junto com eles, mas não falávamos muito sobre o assunto. Nosso negócio era montar as cenas, ensaiar tudo e colocar o espetáculo em cartaz o mais breve possível. A única coisa que tínhamos à favor era a vontade de montar e levar algo bacana para o espectador. Estávamos focados nisso o tempo todo.
A proposta propõe uma experimentação, um passeio pela linguagem audiovisual e teatral. Onde se encontram?
A narrativa imagética de ‘Anjos’ é totalmente do audiovisual com “licenças poéticas” para a linguagem teatral em momentos oportunos. Eu sabia de uma coisa: Eu não queria que as cenas ficassem paradas o tempo todo, não queria que fosse tudo chapado na tela do computador ou do celular de quem assistiria ao espetáculo em casa. No trabalho dos atores eu sabia, desde sempre, que teria que dar uma puxada a mais para o audiovisual, porque seria através de um trabalho para lentes que eles chegariam na casa dos espectadores. Não era o mesmo trabalho que eles fariam num palco normal. O teatro e o audiovisual são veículos completamente diferentes, mas tanto o teatro quanto o audiovisual buscam coisas similares, no final de todas as contas: Emocionar, envolver, convencer o público. É isso que ambos querem no final. E eu acho que é aí onde as duas linguagens se encontram.Na interseção das duas, para mim, tem isso.
Qual o ponto alto da peça?
Eu ainda não sei, estou ouvindo as pessoas, e acho sempre que só quem pode dizer isso mesmo é o próprio público. Mas se tem algo que eu possa ressaltar de especial é que ela pode ser compreendida e absorvida por qualquer um em qualquer parte do mundo porque o assunto é universal e pode acontecer com qualquer pessoa, exatamente da mesma forma, em qualquer lugar desse mundo.
Todas as quintas-feiras às 20h até 18/04
Ingressos: www.bcproducoesartisticas.com/anjos
Umas Palavras
‘DANIEL SILVEIRA DEVE SER CASSADO’
Não tenham dúvida. O presidente Bolsonaro é o principal responsável pelo surgimento e celebrização desses personagens que estavam submersos nos porões da política. Bolsonaro faz muito mal a esse país.
Embora a Câmara dos Deputados tenha decidido pela manutenção da prisão do deputado federal Daniel Silveira (PFL-RJ), por 364 votos a 130, o estrago já está feito. Com suas atitudes, o deputado Daniel Silveira conseguiu alavancar o apoio nas redes sociais, com hashtags favoráveis a ele. As pessoas neste país perderam completamente a noção de legalidade. Gostaria muito de saber o nome desses 130 deputados que apoiam as fanfarronices de Daniel.
Mas a relatora do caso na Câmara, deputada Magda Moffato (PL-GO) – que apoia Bolsonaro – surpreendeu a todos e deu parecer favorável à manutenção da prisão. Felizmente alguém na Câmara entendeu que a imunidade parlamentar não pode ser usada para atacar a Constituição e nem a liberdade de expressão para destruir a democracia. Daniel já falou por videoconferência pedindo desculpas e alegando que se excedeu. Ah, bom. A atitude é um indício de que está tentando se livrar da cassação. O processo no Conselho de Ética estava previsto para começar na terça, um sinal de que poderá andar rápido.
Se o país estivesse numa situação democrática real, a Câmara dos Deputados cassaria imediatamente o mandato do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) por falta de decoro. Preso pelo STF sem direito à fiança, ele fez discursos em defesa do AI-5, o instrumento nefasto de aprofundamento do golpe militar de 1964, e pela destituição de membros do STF. Ele usou palavras chulas para se dirigir aos ministros.
QUEM É DANIEL SILVEIRA
Com uma ficha criminal que não o impediu de se candidatar a ser eleito deputado pelo Rio de Janeiro, Daniel surfou na onda bolsonarista das eleições passadas. A exemplo do que foi o deputado Bolsonaro, Daniel faz parte do Baixo Clero da Câmara, não tem trânsito entre as lideranças e já está queimado no próprio partido, onde grampeou colegas. Além de tudo, demonstra mesmo fazer parte da Turma do Baixo Nível. Ao ser levado para exame de corpo de delito no IML do Rio, após sua passagem pela PF, o deputado desacatou uma funcionária do Instituto que pediu que ele usasse máscara contra a Covid. Será que pensou que estava em algum quartel dele?
Segundo o Blog do Berta, Daniel – PM que atuou entre 2012 e 201l8, empregou em seu gabinete um funcionário que fora acusado de receptação de carro roubado. Antes de ser PM, como cobrador de ônibus, ele foi flagrado apresentando atestados médicos falsos.
Após audiência de custódia, que inclusive Daniel afirma ser coisa de vagabundo, o juiz federal manteve a prisão dele. Foi transferido para o Batalhão Prisional da PM, em Niterói, por onde circulava à vontade no pátio, ontem, quando voltou a atacar o STF. Na sala da PF onde ele esteve preso, acharam dois celulares que estão sendo periciados e vão certamente revelar as “costas quentes” do deputado. Como Daniel continuava esbravejando pelas redes, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pediu o bloqueio das redes sociais do deputado.
A prisão do deputado federal Daniel Silveira deflagrou uma crise entre o parlamento e o STF. E o presidente da Câmara, Arthur Lira, passou no primeiro teste do respeito à Constituição, que ele garante ter. Segundo os analistas políticos, a tendência é de que o processo no STF siga adiante.
Bolsonaro, o língua solta que derruba ações da Petrobras, no Caso Daniel silenciou, como sempre que se vê em situações delicadas (por incrível que pareça, Bolsonaro ainda sabe identificar quando sua fala pode ajudar a entornar o caldo). Mas o silêncio de Bolsonaro sobre o Caso Daniel apenas comprova a conivência do presidente com seu apaniguado. Depois de se reunir com Bolsonaro, no Palácio do Planalto, a portas fechadas, Lira falou de modo comedido. “Esse caso é um ponto fora da curva”. A Câmara está cheia desses pontos. Há de acusados de corrupção a homicídio. Os processos todos parados na Comissão de Ética.
Integrantes da Câmara tentaram negociar a liberdade imediata de Daniel Silveira em troca de puni-lo mais tarde na Comissão de Ética da Câmara. Mas Daniel resistiu ao acordo, alegando que não ficaria afastado do mandato por mais de um mês. Perdeu a chance de dar o dedo mínimo e garantir a saúde do corpo todo. Aliás, o que o deputado tem de músculos falta de neurônios.
Jorge Antonio Barros
Jornalista
Boas da Quarentena
“Maria”, peça apresenta crônicas e canções de Antônio Maria. O ator Claudio Mendes costura o texto e as músicas construindo um enredo que revela, numa biografia cênica, um largo espectro da vida e da obra do poeta.
27 de fevereiro às 20h
Onde comprar e Assistir https://www.teatropetragold.com.br/programacao/espetaculo/maria-online-undefined
“Marrom – Nem preto, nem branco? ” traz a história de Linda, uma menina de oito anos que não entende o conceito de raça, só de cor e acaba se definindo como arrom durante sua busca para entender a sua real identidade. A peça foi montada com o intuito de quebrar barreiras sociais e culturais e evidenciar sobre até onde são reproduzidos, sem reflexão, discursos que abalam (e magoam) a mágica das diferenças.
Até 25 de fevereiro de 2021, no canal do YouTube https://www.youtube.com/channel/UChkQlq5qlFP23TUc62dpWfg?reload=9
Gratuito
‘Onde estão as mãos, esta noite’ , conta a história de uma mulher confinada, reflete sobre o isolamento social como uma forma encontrada para garantir a segurança e a continuidade da vida, remetendo a todos os momentos da história da humanidade em que se esconder, se proteger foi a única forma de sobreviver.
Zoom (através de link enviado por email mediante reserva antecipada)
6ª a domingo às 20h
bate-papo da equipe com o público após sessão
A websérie “Farol de Neblina” combina elementos de suspense e thriller psicológico e mostra o misterioso encontro de um casal, Diego e Sofia , vividos pelos atores Leonardo Fernandes e Fafá Rennó em uma casa sem vizinhos ao longo de uma noite fria e encoberta pela neblina. Confinados neste ambiente inóspito, os personagens entregam-se a um estranho exercício de empatia e provocação que tem tudo para caminhar para um desfecho que pode ser tanto trágico quanto revelador.
A websérie tem acesso gratuito mediante retirada de ingressos no site www.espetaculoneblina.com.br.
De 05 de fevereiro a 01 de março de 2021.
Sextas, sábados e segundas, às 20h, e domingos, às 19h
Os episódios estreiam às sextas-feiras, um por semana.
Grupo Depois do Ensaio faz circulação de teatro de formas animadas, com apresentações e oficinas gratuitas. Nesse teatro em miniatura, que ocupa um espaço cênico mínimo e, normalmente é confinado em uma caixa preta de dimensões reduzidas, histórias de curta duração são apresentadas a um ou poucos espectadores por vez, criando uma intimidade entre artista-propositor e espectador.Os espetáculos são : “O Grande Pequeno Circo”, ‘Você pode me amar?’, “Dolores, a Vidente’ e “Guaraci”.
Dia 26 de fevereiro, às 16h.: Oficina e apresentações no ESPAÇO CIA CERNE
Rua São João Batista, 521 – sala 102, Centro – São João de Meriti
“ Segredo de Justiça” a peça reúne histórias vividas ao longo de mais de 20 anos pela magistrada Andrea Pachá e investigam o quanto a ideia que fazemos da Justiça nos afeta diariamente, mesmo que saibamos muito pouco sobre como funcionam seus dispositivos. O espetáculo é baseado no livro homônimo da Juíza. Após cada apresentação haverá debate.
27/02 (Sab) às 21hs e 28/02 (Dom) às 20hs Via Zoom.
Encontros com especialistas em dança como Katya Gualter, Ciane Fernandes e Maria Alice Poppe fazem parte do curso de formação que investiga a relação entre corpo e palavra.
O ciclo virtual de palestras “Lab Corpo Palavra”, que vai reunir artistas e pesquisadores da dança, das escritas, das artes cênicas e dos estudos do corpo no canal do Youtube Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp)
Programação Gratuita:
29/01: 13h às 14h – Palestra com Hélia Borges. Disponível no Canal do Youtube do Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp)
03/02: 15h às 16h – Palestra com Katya Gualter
09/02: 15h às 16h – Palestra com Sandra Benites
18/02: 14h às 15h – Palestra com Maria Alice Poppe
23/02: 16h às 17h – Palestra com Ondjaki
28/02: 11h às 12h – Palestra com Ana Kfouri
03/03: 16h às 17h – Palestra Performática com Ciane Fernandes
Exibição: no canal do Youtube do Celeiro Moebius (https://bit.ly/3q9zULp)
‘O Meu Sangue Ferve Por Você ‘ apresenta a história de um quadrilátero amoroso que vive intensamente as alegrias e as dores do amor, tudo isso embalado por clássicos do cancioneiro brega, como “Alma Gêmea”, “Sandra Rosa Madalena”, “Garçom”, “Escrito nas Estrelas”, “Você Não Vale Nada, Mas Eu Gosto De Você” e “Evidências”, entre outros.
Temporada online, até 21 de março. com sessões gratuitas.
Sexta a domingo, às 20h.
Retirada pelo Sympla: https://www.sympla.com.br/omeusangueferveporvoce