Por Carlos Monteiro – Fotógrafo
Concluindo esse passeio opsófago, todos estão a pensar: e eu, o que imaginaria? Qual seriam meus delírios gastronômicos?
Comecei lembrando da galinha ao molho pardo do Antônio Americano e da Maria das Tranças em Belo Horizonte. Da picanha do Sujinho, da pescadinha frita da Leiteria Ita, do pastel da feira da Saúde. Aí veio um mar: o sanduíche de pernil do Estadão, a coxinha do Veloso, o bauru do Ponto Chic, o galeto do Brazeiro (com ‘Z’ mesmo), o stracotto com polenta mole do Santa Colomba – além de admirar o bar, que pertenceu ao Jokey Club do Rio, e tem mais de 100 anos -, a paella do Don Curro, o antipasti do Famiglia Mancini, o ceviche do Rinconcito Peruano, a perna de cabrito assada com batatas coradas e brócolis do Montechiaro, o coniglio al vino do Il Cacciatore, o pappardelle com ragu de ossobuco do Carlino – tem só 140 anos, o spaghetti ai frutti di mare do Terraço Itália, o mil-folhas do Tartelier Patisserie, o filet à parmegiana do Restaurante da Sogra, todos de Sampa.
Velhos tempos do Carneiro do Ordônis e dos pratos-feitos do Mercado São Sebastião em Fortaleza para comer sarrabulho, panelada e buchada. A carne de Sol do Araújo em Natal e o vatapá da Dadá em Salvador.
Do Rio salivei o arroz de pato do Antiquarius, a lagosta grelhada do Sentaí, o Cozido do Poleiro do Galeto, o bolinho de arroz do Momo, o bacalhau completo à moda da casa da Adega D’ouro, o mineiro de botas do Aurora, o Cupi Camargo do Albamar, a sopa Leão Veloso do Rio Minho, a lentilha à garni do Bar Brasil, o bolinho de feijoada do Aconchego Carioca, o cabrito do Nova Capela, o filet Oswaldo Aranha do Cosmopolita, o bolinho de bacalhau do Mosteiro, o galeto do Sat’s, o sanduíche de tender do Cervantes, dos sorvetes da Chaika, o cachorro-quente o Geneal e do Via 11, o angu do Gomes, o pastel de angu do Bar do Mineiro, a carne de Sol da Barraca da Chiquita, os petiscos da Adega Pérola, as pataniscas do Pavão Azul, o kassler do Bar Lagoa e o paillard do Bar Luiz.
O hambúrguer do Comuna, o mil-folhas, o Dom Rodrigo, a almofada, a ferradura, o jalusi, o jesuíta e o sanduíche de febras da Casa Cavè, os casadinhos e os profiteroles da Confeitaria Colombo, o sanduíche de carne assada do Opus, a cafta do Cedro do Líbano, as esfirras do Bassil, do Baalbeck e da Rotisseria Sírio Libaneza, a costela do Escondidinho, o galeto do 183, do Liceu e do Galeto Central e a sardinha frita regada a Garibaldina do Ocidental e do Sujinho.
O fígado à lisboeta do Café Lamas, a língua ao molho madeira da Leiteria Mineira, a picanha com arroz de brócolis e azeitonas pretas, batata portuguesa e farofa de ovos com banana do Hipódromo, a fritada de bacalhau do Paladino, o polvo à portuguesa do Restaurante e Café Pastoria (28), a moqueca de pirarucu selvagem do Barsa, as sardinhas na brasa do Cantinho das Concertinas, a feijoada do Bar do Joia, do Quins de Louza e do Cardosão, a sopa lisboeta da Adega Flor de Coimbra, o waffle do Cirandinha, a casquinha de baunilha do Zero, o fondue do Nau Catarineta, do Hansl e da Casa da Suíça e os picolés do Moraes.
O feio do Bar da Amendoeira, o escondidinho do Bar do Gomes, a sopa de cebola do La Fiorentina, a pizza do Pronto, o pintado grelhado do Espírito Santa, a truta à moda do Bozó, o bacalhau à Mário Soares da Marisqueira, o café da Charutaria Syria, língua no feijão manteiga do Penafiel, a anchova na brasa do Canto Alegre, o caldo de feijão da Casa da Feijoada, o bolinho de bacalhau do Bracarense, o jiló empanado do Jiló na Manteiga e o recheado do Bar da Dona Maria em Quintino, O café da manhã do Café Carandaí, as ostras do Britânia, o medalhão com arroz à piamontese do La Mole, as alheiras do Timpanas e a paella do Evandro’s.
A dobradinha com feijão-branco do Adonis, do Jobi e do Petisco da Villa (Vila Isabel), o joelho de porco grelhado da Adega do Pimenta e do Enchendo Linguiça (e a linguiça ‘croc’ também), o sanduíche de pernil e a batida de coco do Bode Cheiroso, a moqueca do Boteco do Peixe, a sambiqueira do Bar do Joel, o caldinho de feijão do Beco do Rato, o mocotó do Suvaco de Cobra, o croquete de frutos do mar do Bar do David, os pastéis do Degrau, a batida de coco do Bar do Oswaldo, o Chope do Popeye e do Amarelinho, o sanduíche de lagarto defumado no pão de leite da Casa do Alemão, a codorna frita do Feio, a carne de Sol com aipim do Bar do Chico e a salada de bacalhau com grão-de-bico do Bar da Portuguesa.
A empada de camarão da Salete, o bacalhau à Zé do Pipo do Rampinha, o chuchu empanado do Brotinho da Muda, a vaca preta do Bob’s, o arroz de rabada do Joaquina, a sopa de siri, as empadas e o risoto de siri do Restaurante Siri, o polvo à espanhola do Villarino, o strogonoff do Luna, o frango de TV do Lopes, o palmito na casca do Otto, a batida de maracujá do Bar do Omar, a costela ao bafo do Zinho Bier, o pão na chapa com muita manteiga e uma média, às 5h, na Padaria Rio Lisboa, o arroz-doce do Adriano, a polentinha com rabada do Bar da Gema, o infarto completo do Cachambeer, os huevos rotos e a coxinha de galinha e alho-poró do Bar Madrid, a moela da Casa Clipper, o crepe do Gordon, o caldo de peixe do Bar Urca, a empada de camarão do Caranguejo, o arroz de lulas da Tasca do Edgar, a pizza de aliche do Pizza Pino, a paglia e fieno alla puttanesca do La Trattoria, o pão italiano caseiro do Tarantela… ufa.
Só de lembrar destas delícias inundei minhas papilas gustativas e engordei uns quatro quilos, no mínimo.
Seductiones cordis manducans.
Rezemos!