por Anna Ramalho
Para Antonia e Olívia
No conto de fada que tantas vezes contei para minhas netas, a princesa beija o sapo, que vira príncipe, e os dois vivem felizes para sempre. Minha mãe já me contava essa história, como sua mãe contou para ela e provavelmente a mãe de sua mãe contou para as filhas. O sapo e a princesa são eternos.
A menininha violentada, estuprada, na inocência dos seus 10 anos, chegou ao hospital agarrada a um sapo de pelúcia, que mesmo se virasse príncipe, não teria como dar um final feliz para sua vida que já nasceu miserável.
Sua história não teve direito nem a um começo feliz. Chorei muito com o drama dessa pequena tão cedo exposta ao que há de mais sórdido, doentio e canalha na condição humana.
Se as dores físicas que deve ter sofrido apavoram quem, como eu, leu o relato, é de se imaginar as marcas psicológicas que tudo isso deixará na cabeça dessa pobre menina. Pedófilos, maníacos, bêbados, prostitutas, tarados não são privilégio do Brasil, mas hoje há um certo tipo de tarado que é 100% coisa nossa, como esses doentes que se espalham pelas redes sociais destilando apenas maldade e veneno.
Essa Sara Giromini – que se auto-batizou Winter, naquela velha ( e brega) ideia de que em inglês qualquer nome soa melhor – merece arder no mármore do inferno. Espero que ela nunca tenha filhos. Se algum dia os tiver, poderá sentir na pele a dor que toda a mãe que se preze sentiu com o drama dessa criaturinha, seu sapo de pelúcia, e a história escabrosa e nojenta que ela viveu. Divulgar em redes sociais o nome da criança é de uma maldade antológica.
Não costumo desejar o mal a ninguém, mas torço para que o tio que abusou sistematicamente dessa criança, ameaçando-a inclusive, seja justiçado por seu pares na cadeia. Até assassino odeia estuprador.
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Menininha que eu não conheço, um beijo muito amoroso e um abraço bem apertado. Que com o tempo – que tudo cura – você possa encontrar aquele sapo simpático que vai virar príncipe e cuidar de sua princesa pela vida afora.
Deus te abençoe e proteja.