por Aristoteles Drummond
Não resisto a contar a vocês a experiência que tive, ontem, em jantar social:
Um pequeno grupo de amigos do casal, como recomenda os tempos que vivemos, reunidos para um belo jantar, em bela mesa, bela casa, de bela família. Foi o aniversario dele.
Um generoso buffet de cozinha japonesa , farta e variada , acompanhado de serviço volante fantástico que incluía tempuras de camarão, rolinhos, “pipoca de camarão – esta eu não conhecia -, ceviches e outros pratos quentes e frios . Foi quando me deparei com a dificuldade de comer com aqueles pauzinhos que nunca aprendi a manejar e há muito desisti de aprender. Fiquei parado, triste , guloso e gourmand como sou, sem saber o que fazer. Olho para o lado e vejo a dona da casa, tomo coragem e peço um garfo de sobremesa, confessando minha incapacidade de usar de tão simples e conhecido instrumento oriental para aquele tipo de comida. Ela rápido tráz, pessoalmente, dois garfos e me diz com seu sorriso de bondade e gentileza que gostou da ideia e ia comer com o outro.
Depois, já em casa, fiquei recordando a feliz solução para o que poderia ter sido uma frustração. E conclui que a dona da casa, delicada e de primorosa e estrelada educação, pode ter ficado com um garfo para me deixar a vontade. Se não foi o caso, poderia ter sido, sendo ela quem é.
E me lembrei da história que minha mãe gostava de contar da Rainha da Inglaterra – que era a mesma de hoje – que em jantar para um dignitário estrangeiro, viu perplexa o convidado de honra diante da lavanda, espremer o limão e tomar a água. Ela não deixou que a perplexidade dos demais comensais durasse nem um minuto, espremeu seu limão e tomou.
Ainda bem que ainda temos pessoas assim, sempre sorridentes, cordiais, atenciosas, de nobreza integral, que recebem amigos com generosidade e sem afetações. Seguras e leves.
Foi uma gloria!