por Bruno Cavalcanti
Talvez o nome de João Triska não seja necessariamente um velho conhecido do público de massa. Talvez não, muito provavelmente. Mas isso não se deve ao talento deste compositor, cantor e violeiro paranaense. Ele existe, é inegável e facilmente comprovado após a audição dos dois álbuns que compõem sua enxuta discografia, o ruralista Nos Braços dos Pinheirais (2015) e o antenado Iguassul (2016).
Acontece que o curitibano de 29 anos (em foto de Sérgio Silvestri) ainda faz parte da gama de artistas que o Brasil em massa não pôde ouvir. Seu último álbum está nas plataformas digitais, seus shows estão cheios e ele chega a São Paulo na próxima terça-feira, 15, para compor o projeto Terças Musicadas no Teatro Itália e apresentar pela primeira vez o show Passo Folk, no qual une os repertórios de seus dois projetos a canções que compõem seu universo musical de autores como Almir Sater, Paulino Moska e o uruguaio Jorge Drexler.
“São artistas que ao mesmo tempo em que possuem um trabalho Pop, cada um a sua maneira e ao seu estilo, tem um compromisso com o discurso poético que os leva além e conseguem transmitir muita humanidade em suas letras e canções”, explica o compositor vencedor do Prêmio Grão por seu último álbum de estúdio, lançado em 2016.
O paranaense também figurou em listas de melhores discos ao longo de 2015 e 2016 e quase abocanhou indicações ao Prêmio da Música Brasileira nas edições 2016 e 2017. Contudo, bastante lúcido, Triska interpreta todos os louros como uma vitrine interessante á carreira desde que se saiba trabalha-la.
“Os prêmios são uma espécie de vitrine, onde você tem um potencial de aumento de visibilidade acerca de sua obra. Eles não são garantia de nada e não estão diretamente relacionados à fidelização de um público. Mas acredito que se o artista souber utilizar a seu favor, é uma forma de adquirir o reconhecimento de um público que até então não sabia de sua existência, além de ser uma espécie de selo de qualidade”, analisa.
Político, entretanto, o cantor contemporiza: “O Prêmio Grão, por ser produzido na cidade de São Paulo, me aproximou mais do público paulistano e com certeza trouxe mais visibilidade para meu trabalho frente imprensa e crítica”.
Visibilidade esta ainda tímida, porém eficaz. Seu canal no Youtube tem pouco mais de 57 mil visualizações e sua conta no Instagram pouco mais de mil seguidores. Nada impressionante se comparado aos milhões de seguidores que brotam nas redes de cantores e cantoras de uma nova geração que o violeiro enxerga como produtos frutos de um mercado.
“Sinto que hoje impera cada vez mais a lógica do dinheiro. Quem tem mais para investir é quem de fato aparece, independente de qualidade”, critica, e continua: “Os espaços para a revelação e estruturação da carreira novos artistas são cada vez mais restritos, o que faz surgir uma geração de artistas/empreendedores que acabam tendo que gerir suas próprias carreiras, fruto dessa transformação da forma de produzir e consumir música”, diz com frieza analítica.
Contudo, dentro do universo musical do cantor – parceiro de nomes como o carioca Paulinho Moska – nem tudo se perdeu. Ele vê com certa admiração nomes como Dani Black e Maria Gadu que, garante, têm um posicionamento parecido. “Acho que pode sair muita coisa boa junto com eles, pelo estilo, interpretação e referências musicais. São artistas com os quais gostaria criar junto”, finaliza.
João Triska apresenta seu show Passo Folk na próxima terça-feira, 15 de agosto, no Teatro Itália, na República, às 21h dentro do projeto Terças Musicadas, gerida pelos produtores Fran Carlo e Petterson Mello. O projeto já recebeu nomes como a cantora Vânia Bastos, a cantriz Renata Ricci, o compositor Carlinhos Vergueiro e o rapper Dexter, entre outros. Os ingressos custam de R$ 15,00 (meia) a R$ 30,00 (inteira).