por Anna Ramalho
Reina a baixaria no Brasil do B. Já temos ladrões mais ou menos confessos na patifaria que jamais aportaria ao governo de Jair, mais cambalachos na área da saúde para tirar do povo o que já lhe anda tão escasso, mais um escândalo no caminho das Índias. Essa gente, realmente, não tem medo do juízo final. Vivem de Bíblia em punho, mas só para enfeite, porque desrespeitam a palavra de Deus de hora em hora.
Tudo muito deprimente, muito grosseiro, muito boçal. Jamais pensei viver sob tamanho horror: a ignorância somada à falta de educação, ao mais absoluto desprezo pelo sofrimento do povo, uma arrogância de esporas que às vezes chega a ser patética. Quem consegue escapar da morte pela Covid cai num país desgovernado, com inflação galopante, pobres ao relento e que já estariam mortos nas calçadas não fosse o trabalho de almas gigantes – como o Padre Júlio Lancellotti, em São Paulo – e tantos grupos que se formaram país afora para ajudar aos mais necessitados. O presidente e seu governo andam solenemente para o assunto – limitam-se àquela ajuda de custo ridícula que só é dada em nome das próximas eleições. Fosse Jair o ditador que sonha ser, todos já seriam – como ele cafajestemente classifica – “CPF cancelado”.
(Curiosamente ele parece não calcular os milhares de votos que vem perdendo).
Não entendo gente que se pretende séria como o Paulo Guedes – e rico, sem a menor necessidade de estar sendo humilhado e desconsiderado – continuar fazendo figuração neste governo de quinta. Guedes é seguidamente desautorizado e humilhado. A troco do quê? Essas coisas me deixam perplexa. Fosse eu, há muito já teria limpado a mesa e pedido o boné. Afinal de contas, já vimos que não vai dar para ele realizar o sonho de ser o maior ministro da Economia de todos os tempos.
***
O ministro da Saúde é um coitado. Quando tenta sair do script, leva uma sarabanda e bota o rabinho entre as pernas. Sua fala apavorada quando se descobriu a maracutaia da Covaxin mereceria uma videocassetada do Faustão – mesmo que em outra emissora.
Esse Queiroga é outro pau mandado (opa!) – porque pau mandado mesmo é o Pazuello, o general da banda, que – vejam só! – coleciona mulheres. Baixinho, gorducho, zero de charme, descolou ( e nomeou ) uma médica de 33 anos, deixando pra trás uma dentista loura, bonitona, que está contando horrores do ex com quem tem uma filha de 13 anos. Entre acusações de misoginia e falta de respeito, a gravíssima revelação de que ouviu do general, em Manaus, no auge da crise: “Por mim, só compro saco preto”. Só por isso já é candidato a arder no mármore do inferno. Essa gente não pensa na lei do retorno… Esta é inexorável.

General Eduardo Pazuello e suas duas mulheres : Andrea Barbosa e Laura Appi
A dentista ( que se confessa de esquerda e eleitora de Marcelo Freixo) foi chutada e trocada pela outra, da extrema-direita como convém, que passou a ser a comandante-em-chefe da vida do maridão. Noves fora fazê-lo usar máscara em lugares fechados, consegue tudo: controlar agenda, com quem o general fala, a que horas toma a cloroquina, o que deverá dizer aos jornalistas, a hora da ivermectina, as comidinhas light, tudo isso com todo aquele amor, carinho e desvelo que um bom DAS desperta. É bonito o amor, diria meu saudoso Zózimo.
Já eu queria ser uma mosca para rondar a suíte do casal na hora do vamos ver.
Abafa!!!
***
Vamos mal, muito mal. As perdas se sucedem em ritmo alucinante, continuamos confinados ( os que têm juízo, claro), a inflação dói como há muito não doía, o país apodrece sob o pior governo de sua História, agora, ainda por cima, envolvido em negociatas escusas. Vamos combinar que um pixuleco de um dólar por vacina comprada é o maior dos desrespeitos – um dólar por vida. Que gente escrota – perdão, leitores, mas não existe outra palavra que defina a canalhice.
***
Abracei a ideia de meu querido Ruy Castro em mais um de seus brilhantes artigos para a Folha: como não está dando pra mim – e pra muita gente – atravessar a cidade, pegar condução e, mesmo sem querer, aglomerar – vou vestir o preto do luto e descer para a minha calçada, sábado que vem, dia 3, às 10 horas.
De preto derrubamos o Collor, que pedia ruas em verde e amarelo. Que tal tentar novamente?
Pressão. Temos que fazer pressão. Antes que seja tarde demais.