por Elda Priami
Na Marcia Barrozo do Amaral Galeria de Arte, um projeto original com o artista plástico Roberto Magalhães. Na Pé de Boi, a mostra que brinca com o jogo do bicho. Rio em pique versátil
Caixinha de surpresas
O encontro do editor Leonel Kaz, à frente da Aprazível, com Roberto Magalhães resultou em uma obra preciosa: “Sem pé nem cabeça”. O projeto será lançado oficialmente na Art Rio, de 9 a 13 de setembro, no espaço da galerista, mas já pode ser visto em sua galeria, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana.
Com tiragem de 50 exemplares, “Sem pé nem cabeça” é um híbrido de quadro e livro. Na apresentação está o grande charme da ideia. O desenho ganha uma moldura e é colocado em uma caixa de acrílico com duas gavetinhas laterais. Em uma delas está o livro com as obras deste artista que sabe tão bem se expressar através de formas coloridas, com técnicas variadas e em diferentes tamanhos. Alguns trabalhos são da década de 60 e outros dos anos 90. Na outra gaveta encontra-se um pergaminho com desenhos esotéricos da série Viagem Astral.
Roberto Magalhães foi um dos principais integrantes do grupo de jovens pintores que realizaram no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM, a exposição “Opinião 65”, iniciativa revolucionária por trazer nova linguagem visual. A partir daí, sua trajetória ganhou renomada consistência.
Leonel Kaz, com apuradíssimo bom gosto e sempre um inovador, viabilizou o projeto que teve ainda a luxuosa parceria de Marcia Barrozo do Amaral. Vale a pena ver de perto uma obra tão interessante.
www.marciabarrozodoamaral.com.br
Vamos jogar?
Na mostra que a Pé de Boi apresenta, desde ontem, o que não falta é humor. A tradicional galeria de arte popular, em Laranjeiras, comemora 30 anos com “Que bicho deu?”. Ana Chindler, dona do espaço e também curadora da exposição, reuniu os 25 animais do jogo do bicho com peças de 30 artistas de vários estados brasileiros, entre eles: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Amazonas, Mato Grosso do Sul, São Paulo. “Foram oito meses garimpando objetos e a intenção foi mostrar como este jogo convive no imaginário popular, e como são criativas as formas que os artesãos retratam cada animal”, afirma.
Presente na cultura carioca há 123 anos – desde que foi criado, em 1892, no Jardim Zoológico do Rio, pelo Barão de Drummond –, o Jogo do Bicho faz parte do cotidiano brasileiro. Os materiais usados nas peças são os mais diversos, como lata, madeira, cerâmica, sucata. Um mesmo animal pode ser esculpido em diversos materiais, como o pavão que ganhou quatro versões, incluindo uma com chapinhas de garrafas.
Também faz parte da exposição o livro “Ganhou, leva – o Jogo do Bicho no Rio de Janeiro (1890-1960”), publicado pela FGV Editora, com o apoio da FAPERJ. A obra, escrita pelo historiador Felipe Santos Magalhães, resgata parte de sua história familiar e, claro, da cultura carioca desde a criação de um, então, inocente jogo para atrair público para o zoológico de Vila Isabel.
Até 3 de setembro.
Entrada Franca.
Jornalista que transita por design, arte contemporânea, arquitetura, gastronomia, enfim, viver em grande estilo.