por Reinaldo Paes Barreto
Comentando o extraordinário feito deste domingo, 17 de janeiro de 2021, quando a primeira brasileira (Monica Calazan) foi vacinada contra a Covid-19, em São Paulo, a inteligente Maria Beltrão comparou essa conquista à descida dos dois astronautas no chão esburacado da lua, em 20 de julho de 1969.
Bingo!
Até porque embora eu não seja capaz de mensurar a “quantidade tecnológica”, bem como tempo e dinheiro, que foram necessários para o sucesso da Missão Apolo 11,vis-à-vis aos investimentos dos governos e laboratórios para desenvolver as vacinas Coronovac, ou Astrazeneca (e as outras), salvo em termos de impacto imediato na vida diária de bilhões de seres humanos, que dá vitória esmagadora para a vacinação, a médio prazo todo o avanço da tecnologia ricocheta no nosso cotidiano.
Por exemplo, e com todo respeito pelos astrônomos, mas “descobrirem”que há vulcões escondidos entre os anéis de Saturno, ou que Josefina traiu Napoleão mais de trinta vezes enquanto o imperador “degolava” champagnes nas margens do Volga, para mim vale mil vezes menos do que a “invenção” do Engov, do Viagra, da Aspirina, do Rivotril, etc, etc. E nessa linha nem vou me alongar nos benefícios de uma vacina contra esse vírus serial-killer – me arrependo de não ter feito medicina intensivista (!) – de tão óbvios que são os efeitos físicos, psíquicos e sociais dos já que mereceram o privilégio de terem sido vacinados.
Mas voltando à aventura da nave Eagle que levou “até a lua” os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin (o coitado do Michael Collins ficou a bordo, procurando vaga para estacionar entre as crateras), vocês sabiam que nem seguro de vida eles fizeram, porque nenhuma seguradora aceitou? Tiveram que deixar com a família uniformes, fotos da lua assinadas por eles, canetas, objetos pessoais, e outros pertences, para o caso de “ficarem na lua em paz, porque foram em missão de paz …” (segundo o discurso triste, que o ghost-writer do Nixon preparou para o caso de um desastre; o que felizmente não ocorreu, e o então presidente fez o discurso do triunfo), a pergunta é: “e o que é que nós, aqui em Copacabana, ganhamos com isso”?

Armstrong na lua
Ganhamos muito e temos muito a agradecer. Se não, vejamos:
– frigideira de teflon
– lentes de contato
– termômetro digital
– códigos de barra
– GPS
– fraldas descartáveis
– velcro
– refeições prontas
– micro-ondas
Bom, e agora a “grand finale”: o vinho desidratado!
Que não chegou a ser incorporado – ainda – ao kit viagem, mas quem sabe um dia? E qual a lógica da proposta. Como os longos períodos de imobilidade a bordo de uma cápsula espacial podem provocar a perda da densidade óssea e a resistência à insulina (pré-diabetes), um médico da Nasa começou a pensar em resveratrol (*),
substância que poderia reduzir os efeitos dessas patologias. E o campeão do resveratrol é o vinho tinto.
Daí a Nasa procurou a empresa alemã Trekking Mahlzeiten, que já produz e já comercializa vinho em pó e está estudando o caso. O saquinho (sachê) vem com a bebida desidratada, elaborado por liofilização e pronta para ser consumida. Basta adicionar a quantidade certa de água. Segundo os produtores, eles são rápidos de preparar, fáceis de transportar e você ainda pode levar seu vinho no bolso para consumir em qualquer lugar. A única “exigência” é acrescentar água na temperatura desejada.

sachê de vinho desidratado
Uma aberração? Nem tanto. VINHOS podem ser simples, como os de missa, sofisticados como os mais caros tintos e fortificados (do Porto, Madeiras), degustados em caríssimas taças de cristal – ou pelo gargalo, em garrafões — como nas corridas de touros na Espanha, por exemplo. E em circunstâncias especiais: campings, viagens de mochileiros, longas peregrinações religiosas, aventuras como a do Amir Klink um sachêzinho até que quebra o galho!
É bom? Não sei. Mas melhor do que Coca-Cola desidratada, com certeza! Ou nem faz diferença?!
(*) Segundo estudos científicos confiáveis, o resveratrol é um composto químico encontrado nas cascas das uvas. Seu nome técnico é fitoalexino polifenóico, e a parreira produz naturalmente essa substância, similar ao antibiótico, para combater as bactérias e fungos que agridem a vinha. Além disso, é anti-cancerígeno, antienvelhecimento, anti-inflamatório e protege a saúde cardiovascular.
Além das uvas, está presente também nas framboesas, amoras, mirtilos, cranberries e em quase todas as chamadas “frutas do bosque”.